Arranje uma outra mãe!

Lúcio, feliz, concretizava o sonho de ser um professor de Educação Física. Vislumbrava quatro longos anos de esforço e dedicação, debruçado sobre os livros para ser um bom profissional. Dono de muita determinação, aquele resultado positivo no vestibular da UFMG garantia o prenúncio vitorioso de sua carreira.

Morar em Belo Horizonte, longe da família, estudar, ficar em pensionato com colegas de idéias e ideais diferentes, tudo isso Lúcio foi tirando de letra, sem se queixar de pequenas e grandes pedras encontradas pelo caminho.

No final de semana, em Divinópolis, recarregava as baterias do afeto familiar.

Aos sábados, eu reinava na cozinha o dia inteiro, fazendo as quitandas preferidas para ele ter um café da manhã com gosto de mãe. Bom de garfo, ainda levava uma grande matula de panetone, biscoitos e bolos.

O Saulo, pequenino, brincava ao meu lado, enquanto eu enfrentava o forno. Observava tudo e percebia que metade do que eu fazia era reservada para o Lúcio. Um dia, ele encontrou uma solução para tanto trabalho. Todo enfático disse ao irmão:

- Lúcio, por que você não arranja outra mãe, em Belo Horizonte?

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 24/02/2006
Reeditado em 17/08/2010
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