A VIDA ENTRE A TERRA E O CÉU

Para entender-nos melhor, podemos partir do principio de nossas vidas, trazendo à tona as etapas pelas quais passamos, durante todo o percurso do nosso caminhar pela terra, do nosso viver no dia-a-dia em busca de uma felicidade que nos ensinaram a procurá-la; correr atrás desse paraíso terrestre é o que sabemos fazer de melhor. O individuo, a sua maneira, persegue um ideal de felicidade, seja este, através do trabalho, do lazer, do esporte, do amor, da amizade, da dança e de muitas outras iniciativas do ser humano.

Quando nascemos, somos criados e mimados por nossos pais, que por muito tempo dão à segurança e o conforto tão necessário aos filhos. A criança vai crescendo e percebe o quanto é amada ou não e, logo o conceito de felicidade é incutido na mente de cada novo individuo, que formará o grupo dominante para as próximas décadas.

Os pais que de certa forma não foram ensinados no sentido de bem orientar seus filhos, desconhecem a importância do que falam e do que fazem para suas crias, e dessa forma cometem atrocidades intelectuais que só aparecem quando os filhos de hoje, se tornam os pais do amanhã. E estes, no intuito de bem orientar seus descendentes costumam falar: filho não faça isso, filho não faça aquilo, cuide de sua felicidade, veja se não vai estragá-la, você será feliz com ele ou ela e assim, após erros e acertos nós construímos o monstro da procura, que adentrará nossa vida sem dó nem piedade.

Durante a nossa infância e parte da adolescência, desfrutamos de uma irreal euforia de sucesso perene; sem os compromissos advindos na idade adulta, não vislumbramos o medo, nem os desgastes dos compromissos assumidos; sendo assim, não mesuramos as complicações futuras de uma base cultural e religiosa nem sempre bem formada, por inexperiência e mesmo falta de conhecimento dos nossos orientadores.

Quando nos tornamos pais, percebemos que a nossa eufórica sensação de felicidade já não mais existe; aquilo que se constituía num prazer para nós, hoje é uma ameaça a nossa prole e horrorizados passamos a não entender o basta de nossos filhos, passamos a temer a responsabilidade dos compromissos assumidos, a falta de animo na assistência familiar, os recursos necessários para manter a dignidade de seus entes queridos e até mesmo pela sobriedade que deve pautar o ser humano nas atitudes de sobrevivência. Onde está à felicidade de outrora? O que fizemos com a nossa auto-estima? Como fazer para reencontrar a felicidade que julgávamos tão presente durante a nossa meninice e adolescência?

A felicidade do ser humano está no intimo de cada um. Não podemos requerer de ninguém a nossa alegria de viver, assim como, não podemos doar a quem quer que seja, uma felicidade fabricada, passageira e falsa. Um momento de euforia não deve e não pode ser confundido com a felicidade perene ou eterna. É preciso olhar para dentro de nós mesmos e encontrar o ponto de estabilidade emocional. Não podemos mudar um ao outro do ponto de vista da emoção e da felicidade. Nós seremos o que quisermos ser e para alcançarmos o êxito, basta que, olhemos para dentro de nós mesmos, enxergando-nos como pessoas que erram e acertam dias após dias, na tentativa de extrair da vida o que de melhor possa, para si e para os outros.

Esse ponto de equilíbrio do ser humano, não pode ser encontrado pela imposição de crenças ou de costumes, que venha desequilibrar a estabilidade psíquica e emocional, mas pelo aprendizado do próprio individuo e o conhecer o outro, sem cobranças e argumentações infundadas de crendices.

“Os homens nascem livres e iguais entre si” afirma o filósofo André Comte Sponville, em seu livro “A Mais Bela História da Felicidade” e por certo, felizes, porém este mesmo homem, no decorrer de sua vida terrena, perde esse bem maior e então começa uma incessante busca da psiquê, na esperança de salvação do espírito perante Deus; mesmo que tenha levado uma vida inteira de privações e tormentos em sua estada terrena, sentir-se-á recompensado e abençoado com a promessa de felicidade eterna em sua pós-vida.

Suponho porem, que Deus na sua infinita bondade, não quer isso de seus súditos, entretanto, a compreensão ao outro, a justiça, a caridade e acima de tudo o amor, me faz crer que essas ações são boas perante Deus, que por sua benevolência, institui a dádiva da vida plena e eterna para a alma.

Que os erros dos homens, não sirvam de entraves para o alcance da tão almejada graça, mas que estes, procurem acertar consigo mesmo antes de ensinar a seus filhos a caminhada da vida, buscando exorcizar a árdua procura da felicidade e que os futuros indivíduos possam percorrer caminhos menos tortuosos e assim, quem sabe, verão a Deus, assim na vida como na morte já que Este é Amor e por certo Felicidade.

Rio, 22 de agosto de 2008.

Feitosa dos Santos