O SHOW DA MINHA VIDA
Havia uma platéia imensa.
Gente do mundo todo.
Coisa de louco mesmo.
Tinha gente pendurada nas cordas.
Gritando, uivando, rosnando.
O show precisava começar.
Eu nem sabia quem era
eu no momento.
Nem tinha decorado nada.
Não havia script nem ponto.
Uma palavra errada...
e a guilhotina era certa.
O clima esquentava e
o suor era frio.
Bem...o show tem que começar.
Abrem-se as cortinas.
Galera em delírio.
Perdido de mim, gritei baixinho.
Na verdade, não sei quem sou!
Nem sei bem o que vim aqui fazer!
Silêncio cruel...mortal.
Engasguei, mas recuperei.
Sei que vocês todos são iguais a mim.
E que nenhum de nós vai obliterar
vicissitudes.
Muito menos conspurcar a verdade.
Aplaudido de pé, fui consagrado.
As palmas eram tantas, que gastaram
as mãos dos presentes.
Ninguém entendeu nada, no entanto.
Entretanto, entendo meu País.
E propus a criação da bolsa texto.
Assim, ninguém vai continuar a
entender absolutamente nada.
Por mais quatro anos, pelo menos.