"QUANTO VALE OU É POR QUILO?!!!"
Atendendo a uma feliz recomendação da minha querida amiga Cibele César, professora, deparei-me com o magnificente, intrigante e polemico filme nacional “Quanto Vale ou é Por Quilo?” De Sérgio Bianchi. O filme, numa inter-relação com práticas bem atuais de um passado distante (período da escravidão), retrata de forma questionável o trabalho de entidades assistencialistas, ONG´s (Organizações Não Governamentais), Associações e intrinsecamente “o toma lá da cá” do altruísmo humano. De forma reveladora e indigesta mostra por meio de pessoas truculentas o nefasto lado das respectivas representatividades, que através de métodos sórdidos com a simplória finalidade de dar uma vida digna aos seus familiares, promovem superfaturamentos, lavagem de dinheiro, desviando valores a estas creditadas por empresas e entidades de origem nacional e internacional, e através de tele-doações para configuração das mesmas com a secundária finalidade de pagamento de aluguel, manutenção das propriedades, taxas municipais, estaduais e federais, montagem de escritórios, salários de pessoal, viagens de avião, computadores, diárias de hotéis, contas de restaurantes, táxis, mídia, e agências de publicidade. E como principal estratégia de captação de recursos explora-se a miserabilidade, a ignorância e espontaneidade, ludibriando e roubando a inconsciência daqueles provenientes das classes mais desprestigiadas, e assim desta forma, estas acumulam dinheiro em contas particulares e expandem seus patrimônios, ratificando assim o quanto é um bom negócio trabalhar com o pobre, representada com fidelidade na frase do autor, “mais valem pobres na mão do que pobres roubando”.
Foi divulgado recentemente em destaque na mídia nacional a prisão de uma milionária quadrilha, que através de uma pseudo-organização voltada para assistir pessoas portadoras do câncer, arrecadava da sociedade civil, fundos que já com algum tempo estavam sendo representados em mansões, carros importados e valores exorbitantes em contas particulares. Outro recente caso em destaque foi o de uma organização legalmente constituída que prestava serviços para determinados setores de algumas penitenciárias do estado de São Paulo com a especifica finalidade de coordenar e fiscalizar verbas públicas a estas destinadas, entretanto estavam desviando-as e ao mesmo tempo prestando “solidários” serviços ao PCC.
Senti-me estarrecido e ambíguo após o filme. Penso agora sobre a relatividade sobre as manifestações humanas de altruísmo solidário, pois fui assim conduzido ao despautério da dúvida, dúvida esta compreendida na bíblica frase do "fazer o bem sem olhar a quem” interagindo com outra frase de origem popular ”quem faz o bem recebe o bem “, aí eu pergunto, ao bem de quem? Duvida esta já insuflada na lendária frase de shakespeare ”ser ou não ser, eis a questão!”. Pois diante desta cruel e contraditória realidade faço a cética observação de que ninguém faz nada gratuitamente. Seria então calúnia afirmar que quando alguém faz uma boa ação tem por finalidade e necessidade espiritual somar pontos na busca da tão cobiçada salvação? E em outros casos de uma exacerbada boa ação se pode ressalvar que depois se configurará uma ”contra partida” pautada em valores de favores? E então, o que fazemos é por convicção ou por conveniência? Seria esta tal observação egoísta? Ou seria esta forma de compreensão maniqueísta?”.
Dia a dia, várias entidades de cunho filantrópico surgem em belíssimos prédios, em sofisticados escritórios, em casas, em quartos, em barracos, em qualquer esquina do mundo (pobre) a todo o momento.
Contudo, como disse o senador Heráclito Fortes: “Há varias entidades que prestam serviços relevantes nas áreas: social, saúde e meio ambiente, e elas não podem ser prejudicadas pelas que se desviam dos objetivos para os quais foram criadas”. Todavia seriam as que mais ajudam, ou as que têm mais recursos para ajudar a quem realmente precisa? A credibilidade, a confiança, o acreditar, o apostar no fazer o bem, nos leva mesmo quando em sono "profundo", a permanecer com um olho aberto e o outro acordado.
“Viva Bush! Pela solidária ajuda prestada aos ingratos Iraquianos”.
“Viva o ex-deputado Roberto Jéferson! Pela sua postura íntegra de político, denunciando a corrupção no congresso”. Pena na época do império não ter tido alguém de tão nobre atitude denunciando o hoje já revelado, e famoso mensalão. São estes, grandes e expressivos exemplos de solidariedade humana? Fala sério!
Esse texto tem por finalidade não induzir ninguém a descrença no bem, porém despertar mediante as consignas para a frase, “o bem, ao bem de quem?”.
Precisamos nos abolir das conveniências impostas pelo egoísmo.
Emanoel Ferreira da Silva “Manollo Ferreira”
Pedagogo, Professor, escritor...
Piranga-Juazeiro-Bahia.
E-mail: manolloferreira@bol.com.br