A Batina do Sô Rodrigues

Em 1994, concluí meu curso de Ciências Contábeis, na Faced. Comemorei em alto estilo, participando, com a maioria dos colegas, de todos os eventos. Havia me entrosado bem com a turma, que praticamente tinha-me como mãe, sendo eu a mais velha da classe.

Dia 15 de dezembro, numa Igreja Evangélica, houve o culto em ação de graças. As orações foram feitas pelos formandos e familiares. O Pastor Nelson, também formando, presidiu o Culto. Para mim, o ponto alto foi a missa em ação de graças, no dia 17 de dezembro, na Catedral do Divino Espírito Santo, celebrada por Frei Leonardo, que deu à cerimônia um toque todo especial. Marcaram presença os familiares e amigos, a diretoria, professores da escola e convidados especiais.

A colação de grau estava programada para ser realizada, às 19h, do dia 17 de dezembro, no Ginásio Poliesportivo “José Alonso Dias”, escolhido como paraninfo da turma o então deputado estadual Jaime Martins Filho. Teria acontecido tudo dentro do programado, se São Pedro não tivesse interferido, lá pelas 18h30min, com uma descomunal chuva repentina. Longe de ser um furacão, mas o que ventou e choveu deixou o trânsito completamente caótico.

Quem não chegou ao local da sessão antes do temporal teve que se sujeitar a alguns transtornos. Muita gente se atrasou, inclusive o paraninfo.

Depois de uma longa espera, foi anunciada nossa entrada na quadra do ginásio. Muitas palmas, gritos, faixas e depois tudo se acalmou, para cantarmos o Hino Nacional.

.À mesa, logo avistei o Antônio, meu esposo, que, para surpresa minha, não estava de beca, como o previsto. E só fui saber mais tarde do ocorrido, pela minha vizinha Zezé, pois o Antônio mesmo não dava notícia dessa vestimenta formal.

Eu havia deixado a sua beca passadinha, dependurada num ganchinho da janela. O Antônio havia me levado mais cedo ao ginásio, voltando à casa para se aprontar. Nisto, alguém abriu a janela e pouco depois veio aquela chuva que não estava no script. A beca, muito leve, soltou-se do cabide e foi levada aos ares. E voou, voou...

A vizinhança via aquela peça preta ao sabor do vento e nada entendia. Mas quando a ventania serenou um pouco, a beca foi descendo e passou pela janela de minha amiga Zezé. O menino Thiago, seu filho, que estava na cozinha:

— Mãe, a batina do Sô Rodrigues tá voano!

E, toda suja de serragem, a beca foi encontrada, na segunda-feira, na madeireira ao lado de nossa casa.

Publicada no Jornal Agora de 30 de maio de 2010.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 08/02/2006
Reeditado em 26/04/2012
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