Vai uma rapidinha aí?
Eu subo bem algo pra gritar que é amor, eu vou de escada pra elevar a dor... Porém o que vejo é tantos descerem tão baixo. Esses dias, zapeando (já que navegar está tão batido) pela net, topei com uma comunidade Te amo não é Bom dia. Deixo aberto para as conclusões que quiserem tirar, mas não acabo a crônica aqui.
O termo zapear me remete a um conto de Moacyr Scliar, chamado ZAP. Tudo é muito simples hoje em dia. É como trocar de canal. Encheu, manda pro pau. Estou num canal, não gosto — zap, mudo para outro. Não gosto de novo — zap, mudo de novo. É tanta masturbação que a onda da rapidinha tomou conta. Me dá um beijo? Olha, mas bem rapidinho... Pô, brother, faz uma cara que não nos vemos... que tal marcar um chop aí? Tá, posso dar um pulinho bem rapidinho na tua casa no sábado...
Para que uma coisa mais durável? O perene emplacou com disco duplo de ouro. Toca em todas as rádios. Toca uma pra mim... Se for bem rapidinho, até rola. Pra que música esticada? Estamos tão retraídos.
Até que ponto chega um grito de amor? Que sacrilégio! Amor deve ser sussurrado. Amor é divino, já dizia Rita Lee e Arnaldo Jabor. Tá já dizia o Raul também: quando a gente se tornar rima perfeita...Mas em meio a essa febre de violência, até o carinho se tornou agressivo. Puxa pelo cabelo. Mete a mão na bunda. Dirige-se à dita pessoa amada com palavrão. Espalha e ficcionaliza o que houve entre quatro paredes.
Por que subir de escadas. Se há elevador. É muito mais rápido. È rapidinho. Não há o intuito de prolongar. É a onda do precoce. Mulher tem orgasmo?... Já ouvi falar, mas nunca vi! Também pudera...