o pum
Às vezes me pergunto qual a hora mais certa pra fazer tal coisa. Um amigo sempre me dizia: Cara, deu vontade vai lá e solta. Outro, mais recatado: Eu sempre seguro. E quando não se pode segurar... Daí somem as palavras, ruborizam-se rostos e abre-se a passarela para o astro.
O pior é no ônibus. Quem nunca soltou um. Aquelas caras sérias. O medo de abrir logo a janela: Melhor não, vão pensar que fui eu... Diga-se de passagem: me perdoem, mas no ônibus é até interessante, as pessoas passam-se a reparar nas outras, a perceber que não estão sós no recinto. Isso quando os olhares não falam mais que mil palavras: Quem será que foi o filho-da-mãe...
Já que vivemos em sociedade, temos que respeitar toda uma convenção. Somos regrados pela etiqueta. Mas onde está a etiqueta quando, na pressa do dia-a-dia, comemos uma coxinha com um aspecto não muito convidativo e o estômago resolve acionar as suas regras de etiqueta... Pô, meu, não esculacha também...
Talvez a solução seja doutrinar nosso pum. Domesticá-lo. Arrancá-lo da era das cavernas. Algumas muito imundas por sinal. Devemos apresentá-lo à modernidade. Ensiná-lo a tomar elevador. Passar-se a arroto. Daí é só por a mãozinha delicadamente na frente, se tiver um lenço melhor, e pronto: expulsa-se o que não lhe pertence.
Antes de acabar, uma recomendação. Se o que sai por cima for feio como o que sai por baixo, uma bala de hortelã é imprescindível.