Cap. XXIII – Mensagens Para a Malu

Mensagens de Sônia Ortega:

Lú, fiz esse poemeto caipira pra mode ocê declama pra

Malú.

Salada de sotaques

Malú é catarina, tem sotaque

lá do sur, o Tu tá sempre presente,

chegou falando ora pois,

ora pois.

Mas a danada nega o sutaque portugueis

Vixe maria! a menina viajo para os Gerais

E a cumadre Lúcia com seu jeitinho mineiro

di falá, carrega uns “esses“ cumpridos, uai.

E Malú a repetir:

Eita comboio bom, sô!

Comboio bom!

***

Amizade

Quando se trata de sentimentos, vale a pena falar sobre um tema batido. Mas é da amizade que hoje quero falar, porque vocês amigos, hoje estão reunidos por causa da amizade e em nome dela confraternizam.

Não sou inteiramente romântica em relação à amizade. Tenho grandes amigos. Conservo grandes amizades. Mas nenhuma delas aconteceu ao primeiro olhar, ou à primeira digitação, ou à primeira teclada. Ou caíram do céu como um presente dos deuses. Todas foram construídas. E nasceram de interesses ou atritos mútuos.

Amizades não são nem têm que ser eternas. Não todas, ou não a maioria. Se um dos elementos da amizade é o interesse comum, e nossos interesses são mutáveis, obviamente há mudanças também nas amizades. Cada um dos nossos amigos contribui para uma determinada demanda nossa. Quando esta demanda muda aquele amigo já não nos reconhece. Nem nós a ele. E o que nos parecia eterno, morre por inanição.

É isso. Sem nenhum romantismo, afirmo: amizade nasce pela necessidade de trocas entre os seres humanos. Conheço alguém e descubro de imediato que esta pessoa tem algo que necessito. Se eu tenho algo a oferecer a ela, iniciamos as trocas. Se estas trocas são substanciais, se criam expectativas de outras trocas, iniciamos a construção do que será uma grande amizade. E a manutenção desta amizade depende da continuidade destas trocas, do cultivo da afetividade, do respeito às diferenças e da lealdade. Acontece também de uma grande amizade nascer de um grande atrito. Pessoas muito diferentes ou muito semelhantes tendem a se repelir de início. Alguns sentimentos humanos, demasiadamente humanos, fazem com que se sintam ameaçadas ou incomodadas. Mas se são minimamente amadurecidas, reconhecerão um no outro o espelho ou o inverso dele. Esta descoberta pode gerar o interesse. E o interesse cria a possibilidade das trocas, das construções, da amizade enfim.

Construí algumas grandes amizades a partir de antipatias iniciais. Umas, porque somos muito diferentes - viramos complementos. Outras, porque somos semelhantes – viramos espelhos. Foram talvez as construções mais intensas. Mas a maioria dos meus amigos veio do jeito mais natural, através de admiração mútua, de conhecimento gradativo, dos interesses comuns, das trocas e do crescente respeito e afetividade. São amizades sólidas, estas. Independente de terem começado de um jeito ou de outro. Independente de nos vermos sempre ou quase nunca.

E, porque quero estar sempre construindo amizades, espero e quero que meus interesses continuem sempre cruzando com outros. E que saibamos sempre transformá-los em trocas produtivas, em lealdade e afetividade. E que a amizade seja eterna e incondicional, enquanto durar.

E, em nome dessa amizade, Lúcia recebe amigos verdadeiros na sua casa. Realizando um Sarau inesquecível. Estou aqui roendo as unhas, ansiosa e com inveja de todos, porque queria também beijar em especial: Edson, Lúcia, Malú, Celina e Aparecida Nogueira.

Amigos esse será um dia inesquecível. Divirtam-se. Um brinde à poesia e à amizade.

Amo todos vocês. Sônia Ortega - Japão

(continua)

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 10/07/2008
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