O MAU

Mau. Mal. Escuridão. Escravidão da mente e tortura da alma. Olhos negros sem vida, coração frio sem batidas, sem sentido ou sentimentos. Visão cética da humanidade, valores sem credito ou escambo, sem negocio, sem barganha, sem fé e remorso. Casca sem cerne, sem raízes ou cabimento, existente. Mente inquieta, pensante e turbulenta, sem aceitação do que é, conformada por tudo o que não é. Ser inóspito, incrédulo, vago e distante, mas perto o suficiente para secar a cor de teus sentimentos. Deficiente de amor, de paz ou serenidade. Palavras sabias e certas, doces por vezes, direcionadas ao fim e a catástrofe, habilidade sem igual de saber o que dizer na hora certa para causar o efeito contrario. Traz a morte, o fim, o gosto do sangue na garganta o agrada, a azia que queima apenas satisfaz a ânsia por mais amargo no prato vazio a mesa com a vela apagada. Pálido de vida, desgosto dos passos, caminhar lento e paciente, a espreita do fim, certo como o começo. Contrario e avesso a qualquer posição. Político por puro egoísmo, dono de vasto conhecimento histórico e moral de todo ser e coisa, sabedoria implacável, sem números e hora, a todo instante, presente. Dor inacabável, aguda e crônica, sem crônica, prosa, poesia, resenha, nada. Silencio e sim, capaz de dizer tudo sem um único respiro ou sufocar. Capaz de tirar seu ultimo suspiro sem dar trégua aos pensamentos de culpa ou arrependimento, lamuria da desgraça, que se perdeu e entregou seus dotes a este, carrega o holocausto dento de sua pupila, a rosa atômica em seu buque de flores secas, tem a baioneta manchada na ponta de sua caneta, é o precedente da criação humana, tem seu gene em nossas cadeias de DNA, nossas grades e constantes discursos para sermos bons apenas disfarçam a sua presença maligna dentro de nossa existência. Não é uma opção, é apenas a natureza do homem. Somos parte do mau não por escolha mas por pura e simples criação ironicamente dizendo, divina. A mão calejada que pesa a foice é a mesma que da afeto, o corpo frio que tomba, é o que gera vida, a vida que nasce e gera vida, é a que tira e acaba o ciclo. Sentido não há, propósito inexiste, somos o ponto de começo, meio e fim de coisa alguma, parte de tudo o que há e persiste, do homem que nada faz ao que tudo destrói, somos capazes da vida e da morte, que nos espreita em nome de nada. Somos e apenas isso, somos. Ele caminha entre nós, todos os dias, presente em nossos pensares, angustias, raivas, e desespero, na confusão ou na clareza, esta ali, temos e negamos o que guia a humanidade a evolução e sua posterior destruição, assinamos o bem em nome dele, não há nome nem forma para definir, eu o chamaria apenas, de mau.