Quem tem medo de morrer?
Avacalho o desejo de eternidade dos apaixonados. O pavor dos humanamente previsíveis quando fogem do tema morte como se o simples assunto fosse contagiante a ponto de levá-los a caminho do túmulo.
Morte. Serena quando já se viveu tudo...Apesar de que temos a mania de achar que ainda temos algo por viver.
Morte. Desgraçada quando não prevista, num acidente ou num mal súbido, jamais cogitado.
Morte. Dolorosa e bem vinda quando se sofre há muito com dores e definho, de um ente querido ou nós mesmos, no maldito câncer, somos dignos de paz...
Morte nas ruas, nos becos, embaixo de pneus ou no desatino de uma bala perdida.
Morte por espancamento, pela arrogância dos algozes sem coração, pelo abuso dos que jamais deveriam ter nascido, das fardas que desmerecem o distintivo, das mentes que contam dinheiro em cima de cadáveres, do tráfico, do estupro, do frio do viaduto, da intolerância do trânsito, da irrelevância dos meninos que se julgam homens, uns bostas vestidos de pátria amada...
Morte idolatrada. Nela teremos o fim da dor.
Morte na literatura, nos contos, nos textos, na poesia, morte a cada dia...
Na escrita se levanta do caixão, se renasce, se brota do chão, com esperança nas mãos e peito em pleno vigor cardíaco...
A morte é pura criança, pois que criança em vida já não vive, morre aos poucos e, às vezes, de um jeito louco...Mas é a criança, o único ser que não tem medo de morrer, pois morte para ela é céu, são flôres e é paz.
Me Morte