DIA DOS NAMORADOS MACABRO

“My Bloody Valentine” foi um filme de terror canadense do início da década de 80, que surgiu na esteira da “Sexta-feira 13” e outros do gênero, lembram? Desde então, a cada dia dos namorados, possivelmente só pelo título, lembro do filme e das confusões que alguns faziam com a gramática: macabro era o dia, não os namorados, apesar de que, no filme, as coisas até podiam confundir-se. Bem, uma crônica nasce assim mesmo: uma data festiva, uma recordação boba, idéias e sentimentos que pedem passagem. Num site de relacionamento, é impossível deixar passar a ocasião sem uma palavra que tente prestigiar as relações afetivas que existem, existiram ou existirão para quase todos seus participantes. Poucas vezes na vida sofri de solidão, mesmo nos longos anos em que estive afetivamente só. Não é vantagem, simplesmente um jeito de ser. De qualquer modo, quero compartilhar com quem está só aquela ligeira sensação de “excluído” que se experimenta em tais circunstâncias. Não é propriamente melancolia, talvez um Natal sem presente, um aniversário em país distante. Mas tudo tem seu lado bom, o importante é saber explorá-lo. Aos que estão curtindo a sua cara-metade, compartilho as delícias de um dia especial de reafirmação de compromissos e afetos. Relações amorosas são grandes obras que realizamos na vida - com todas as limitações inerentes ao fator humano. Não se deve condenar o espírito comercial que badala a ocasião, porque liturgias e rituais são importantes para que o homem desperte e valorize as “pequenas grandes” coisas da vida. Aos que sentem saudade, convém dizer que as boas recordações são para a eternidade. Aquilo que se viveu com amor ainda é vida dentro de nós. O que não foi reciprocamente valorizado não merece nossa emoção; o tempo do amor depende da gente. Aos enamorados - protagonistas do dia - que seja ainda mais sedutora a nossa música e inebriantes nossos beijos com gosto de vinho, chocolate e champagne. Enfim, macabro era o filme, não os namorados.

José Pedro Mattos Conceição
Enviado por José Pedro Mattos Conceição em 11/06/2008
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