Aniversário do meu PAI
Se o meu pai não tivesse ido embora aos 70 anos,hoje completaria 84.
Meu velho era nascido na década de vinte,precisamente de 22.Ele possuiu um talento inato pra ser amado,modéstia à parte,grandioso!
Enquanto viveu,seus amigos tiveram um grande e dedicado amigo,seus colegas de trabalho usufruíram de um competente e disciplinadíssimo colaborador,sua família privilegiou de um excelente marido,amigo,pai,amigo,avô,amigo.
Meu pai criou filhos numa época em que os pais ainda traziam muito arraigados os conceitos mais antigos de educação.Os castigos rigorosos e as famosas surras ainda eram parte integrante da educação da maioria das crianças e adolescentes da minha época.
Ele,no entanto,somente tocou seus filhos com a palma de suas mãos pro carinho que necessitava demonstrar.
Meu 'papi' nunca bateu,nem alterou o tom de voz pra fazer entender o que quer que fosse aos seus filhos.
Lembro-me neste momento,da minha menarca.
Como pode uma mulher associar a sua primeira menstruação à figura de seu pai?
Eu posso!
Ao notar aquela mancha vermelha assustadora,imediatamente gritei:papiiiii!!!
E ele estava lá.
E ele sempre estava lá,quando precisei do seu colo pra me acalmar,da sua mão pra atravessar ruas e desafios,do seu olhar pra me aprovar decisões.
Meu pai abraçou-me muitas vezes:dançou comigo a valsa dos meus quinze anos,deu-me o seu braço rumo ao altar e acolheu-me ao retornar à casa dele...
Ele foi o modelo masculino que aprendi a admirar e o qual persegui durante muitos anos da minha vida.
Faz tempo que ele não está mais por perto.Curiosamente,quanto mais passa o tempo,tanto mais próxima dele me vejo.Basta olhar-me nos espelhos da casa e o vejo de imediato.Basta ver-me comovida com uma melodia e ele está ao meu lado novamente.Basta que eu me sinta enamorada e sinto sua mão a acarinhar-me os cabelos .
Chego mesmo a ouvir-lhe a voz muitas vezes.Aquela mesma voz que tantas vezes embalou-me o sono em cantigas do seu tempo.
A saudade que ele deixou em mim é inesgotável.
E o orgulho de ter sido sua filha também.
Para Jesus Elias Teijeiro Felgar in memoriam