VENDO ALMA A PREÇO DE BANANA

Vendo minha alma a preço de banana. Troco meus sonhos por quireras e sobras quais queres. As batidas de meu coração já não alegram mais nenhum samba. Sucumbi a ambição materialista de um mundo comum e sem terna poesia. Vesti o terno, e logo perdi a ternura, ganhei elegância, me acompanhou sem pedir a arrogância. Aceitei a máxima, infeliz no amor, feliz nos negócios, e segui aos negócios. Quem diria, negociei tudo tão bem em toda uma historia e perdi minha alma em uma banca qualquer de negócios sem valor agregado. Sorrio e compreendo, entendo, não se tratava de valor, mas de amor. Tenho três décadas passadas onde vivi com intensidade absoluta meus dias saboreando o mel e o fel, conhecendo, crescendo, morrendo e vivendo a cada dia, renascendo e brilhando, escurecendo, falando e calando inúteis discursos ao nada e por vezes a todos. Me tornei homem as custas de minha infância falecida. Quero novamente as cores da caixa de lápis de cor, doze ou vinte quatro, já disse uma vez e tive a resposta de dentro de minha alma que a porra das cores da caixa existiam sim, e eram vivas ainda dentro de todo sépia da vida. Amplo e confortável é o argumento de que a vida é assim, o plano é este, não tem como mudar, o destino é cruel... falácias absurdas, provérbios e ditados em forma de lixo que não quero engolir garganta abaixo e aceitar que não, que nada posso mudar e que tenho sim que conformar com as linhas tortas e mau traçadas riscadas a faca de fundo corte em minhas mãos, esperei a cigana ler, mas todas não eram alfabetizadas nas linhas de minha historia. Segui sem compreender o porque, somente o como e onde. Sou prisioneiro do terno sem ternura que riscou de giz uma grade em forma de armadura social que me fez sorrir amarelamente a todos. Onde anda minha intensidade, meu amor, minha alma, toda a alegria do homem que antes era criança e parava o girar do mundo para girar por um amor impar sem saber o próximo passo. Enxergo que não, não há resposta, não há mais interesse ao próximo, o amor esta preso em lojas de antiguidades perdidas em subúrbios de nosso querer.Sei que posso mudar e ainda creio nisso, apenas espero a fagulha que contribuirá para toda combustão de meus sonhos. não sou cético e muito menos pessimista, mas estou ai, na calçada, gritando aos ventos que viveria por amor, e os ventos me dizem baixinho nos ouvidos, espere, tua alma virá. Sei disso, tenho uma passo a mais no meu caminhar, sei que é possível, sei que meu pensar não foi aprisionado por toda a futilidade que me misturei, sou joio em meio ao trigo, sou ouro de tolo, sou ilusão em meio ao deserto, sou um homem criado pelos desencantos da poesia e do amor. Sou simples e fácil de entender, como um livro de belas e fáceis historias, com figuras descoloridas e perdido, em algum lugar, onde ainda, não se sabe ler.