Turismo Histórico-Cultural e a Educação Patrimonial
Ontem, dia 15/03, no dia que completou 50 anos do fim da fusão dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro eu guiei um grupo no entorno da Praça XV de Novembro, região central do Rio de Janeiro, onde estão os principais prédios históricos, centro culturais e igrejas coloniais e num passeio de barco na Baia de Guanabara.
A maioria absoluta dos participantes, talvez todos, foram para fazer o maravilhoso passeio de barco, todavia, para mim, que sou historiador e um homem da cultura, o mais importante, obviamente, é caminhar na regiao da Praça XV, lugar mais importante, historicamente, do Estado do Rio de Janeiro.
A Praça XV, foi o Porto principal do Estado e por mais de um século do Brasil, foi ali que chegavam os escravos africanos antes da construção do Cais do Valongo, embarcava o ouro da região de Minas Gerais, foi onde desembarcou Dom João VI e sua corte fugindo de Napoleão Bonaparte em 1808, foi ali que foi instalado o Palácio dos Governantes, o Palácio dos Vice-reis, o Paço Real e Imperial.
Também foi no Paço que ocorreu o Dia do Fico e a assinatura da Lei Áurea no dia 13/05/1888.
Na Praça XV viveu e morreu o único monarca europeu na América, a Dona Maria I, a Louca, em março de 1816. Sendo o único cortejo fúnebre de uma rainha de todo continente americano.
Ali, se encontra a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a Antiga Sé, que foi a Capela Real, Imperial, Catedral Metropolitana e onde Dom João VI foi consagrado rei e Dom Pedro I e Dom Pedro II, foram consagrados imperadores do Brasil, nessa Igreja casou-se os imperadores, a princesa Isabel e todos os filhos e netos de Dom João foram batizados. Também é nela que se encontram os restos mortais do “descobridor” do Brasil, Pedro Álvares Cabral.
Na Praça XV, ainda se encontra o Palácio Tiradentes, que fora antes da sua construção, a antiga Cadeia Velha, prisão onde o alferes Joaquim José da Silva Xavier passou seus últimos três dias e foi conduzido a forca. Esse Palácio foi sede da Câmara Federal (1926-1960), da Assembleia Legislativa do Estado da Guanabara (ALEG) de 1960-1975 e, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), de 1975 a 2024.
No entorno da Praça XV, ainda se encontram uma dezena de lugares de memória e igrejas históricas fantásticas, como o CCBB, a Casa França-Brasil, o Centro Cultural dos Correios, o Espaço Cultural da Marinha e igrejas magníficas como a Igreja Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, a Igreja de São José e a Igreja da Santa Cruz dos Militares, essa última, também já foi a Sé do Rio de Janeiro.
Todavia, cabe esclarecer, que nem todo mundo foi educado para a cultura, para apreciar a história da sua cidade, do seu estado e da sua nação.
Por isso, preferem ir a Praia ao Museu, preferem um bar que ir numa igreja gótica ou barroca do período colonial. Preferem um estádio de futebol que mergulhar na cultura num espaço cultural como o CCBB ou o Paço Imperial. Às pessoas de fato não são culpadas por não apreciarem uma boa música como a erudita, ou por não se importerem com a história de seu pais, que é sua própria história, precisam ser educadas patrimonialmente.
No final do Tour de ontem, ao entrarmos no Paço Imperial, o mesmo estava estranhamente lotado, todos do meu grupo perceberam e comentaram, que havia centenas de artistas, intelectuais e milionários no recinto. Homens e mulheres que receberam uma formação cultural familiar e escolar.
Moral da história: devemos educar às pessoas para a alta cultura e para o conhecimento, independente da sua condição social e da sua classe.
Continuarei promovendo passeios culturais e históricos, diferente da maioria absoluta e esmagadora dos meus pares: os professores e os guias de turismo, que preferem promover passeios de lazer por ser mais rentável, ou ainda, por não terem a formação cultural necessária para tais viagens e eventos.
Nada é mais importante na vida de um homem que o conhecimento. Vale mais que dinheiro, ouro e diamante. Conhecimento ninguém tira de você, é a única coisa que levaremos para a eternidade.