A ciranda da vida

Desde que o ser, é reconhecido como humano, que a vida desenha-se desse modo, a saber:

Nascemos, crescemos, tornamo-nos adultos pois assim rege o ciclo desse seguir terreno.

Enamoramo-nos com alguém e a vida começa um florir diferente, pois a cumplicidade de pensamentos nos atinge de forma mais séria e feliz, afinal de contas essa é a fase do primeiro estágio de um relacionamento. Vivemos agora com pensamentos flutuantes torcendo para que os dias passem logo para estarmos juntos da pessoa escolhida pois assim exige esse ciclo do existir humano.

Noivamos e casamos pois assim é o traçado do viver.

Agora, já não existe apenas o EU, pois a conjugação agora é NÓS.

Ao dividirmos as abençoadas alianças haverá sim uma pluralidade em todos os pensamentos, planos, sonhos e desejos.

Tudo é encanto, cumplicidade, um descobrir mútuo de atos, gestos e ações para que a parceria seja cumprida conforme as promessas feitas no altar perante as Leis impostas por Deus e pelos homens e ali os votos mais sérios da vida é dito e repetido para que todos atentem para o compromisso firmado.

Os planos são devidamente alinhados, planejados e executados para que haja concordância de ambos.

Momentos marcantes vão tomando parte do viver a dois e todos torcem para que os caminhos sejam traçados na mais perfeita união.

A vida segue, vem o primeiro rebento, o segundo também após um tempo e aí as saídas a sóis para visitas e diversões já não se tornam mais tão frequentes.

A responsabilidade dobrou de tamanho, a casa precisa de mais espaço os filhos precisam de mais espaço e o casal vai percebendo que estão perdendo um ao outro no seu próprio espaço de vida.

Tudo agora gira e segue rumo ou em prol dos filhos, pois eles são as prioridades maiores e inadiáveis.

Os filhos crescem, formam-se pra vida e também chega a hora de repetir os mesmos votos que os pais fizeram perante a Lei de Deus e dos homens.

O casal, após tanta dedicação para criar os filhos notam que a vida passou a união desgastou, tornando a vida um marasmo sem mais aquela cumplicidade que os envolviam antes. As coisas não se encaixam mais, a doçura começa amargar, as discordâncias vão se agigantando e a casa por maior que fosse torna-se pequena para acomoda-los no mesmo teto e chega um dia que resolvem se separar pois o clima exige que assim ocorra, pois é o melhor a fazer, (segundo um dos dois ou ambos por assim decidirem).

Então, dividem tudo que conseguiram juntos construir ao longo do tempo e de repente notam que agora o singularismo do existir passa a ser EU e VOCÊ.

O NÓS de outrora, não mais existe pois ficara nalgum lugar do passado escondido nas lembranças de um tempo tomado pelo tempo.

A mesma cama já não serviria para acomodar os mesmos corpos que dividiram ali os momentos de amor, paixão e ternura e as confidências, à cumplicidade os sonhos feitos, agora virava PESADELO EM PARTILHAS JUDICIAIS com audiências feitas por pessoas que jamais saberiam que um dia já existiu entre aquele casal tantos momentos bonitos que ainda que se separem jamais serão esquecidos por eles que viveram cada instante juntos.

Após tudo acertado, - (agora somente segundo as Leis dos homens, pois a Lei de Deus não concorda com a separação) - é hora de cada um seguir rumos diferentes, partir talvez do zero e recomeçar a vida separadamente.

Recomeçar ... recomeçar como, se um dependia de tudo um do outro para resolver as coisas diárias das menores as maiores pelas quais vive um casal?

Um último olhar é trocado e os corações sentem o peso do que agora tornava-se real e tão diferente dos dizeres de outrora como: *Tenha um bom dia meu bem, me ligue quando chegar ao trabalho e venha direto pra casa pois hoje vou fazer um jantar especial para nós*

Um nó na garganta sem querer passar percebido por ambos acontece nesse momento e o sentimento de adeus pesa nos olhos e no coração de ambos.

Uma coisa é pensar na separação e a outra coisa é acreditar que ela chegou para desunir o que antes era uma bonita e tão bela união que desta gerou frutos para a vida.

Dao-se-lhes as costas e cada um, cheio de incertezas tentam ao seu modo seguir o rumo que a vida agora impôs para ambos.

O que faltou, por que faltou, a quem culpar?

Os primeiros passos são mais pesados, como se houvesse uma âncora nos pés, mas necessario se faz o prosseguir, pois aquela história escrita com risos, hoje finda banhada de lágrimas, de dúvidas, e da falta que sentirão um do outro.

Uma música, uma tarde fria, uma peça de roupa jogada, uma chuva na janela, uma buzina de automóveis, um cheiro de pão da padaria da esquina, uma voz ao longe, um perfume um alguém na multidão, tudo isso trará lembranças de um passado que hoje depositou nos corações, simplesmente a saudade de um tempo já vivido.

Os filhos? Estes irão visitá-los sempre que puderem, quando houver tempo e não com muita frequência pois cada um tem os seus próprios caminhos a seguir e percebem (mesmo que não aceitem) que o melhor para os seus pais tenha sido a decisão que tomaram e nada que fizerem mudará o que tem que ser do jeito que é, pois todo começo tem um meio e o seu inevitável fim.

Carlos Silva

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 02/03/2025
Reeditado em 02/03/2025
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