PARAÍBA, DO LITORAL AO SERTÃO

O Nordeste é a região do Brasil de menor índice pluviométrico, onde a seca se destaca com maior diferencial, principalmente na sub-região denominada Sertão. O clima predominante é o semiárido. O índice de maior incidência das chuvas no sertão restringe-se aos meses de dezembro a abril. Porém, isso pode variar e em alguns anos, esse fenômeno sofre alterações, causando longo período de estiagem, o que acarreta a chamada seca.

A Paraíba, um dos menores estados da Federação, está inserida dentro do chamado Polígono das Secas, segundo a legislação, é a área do Nordeste sujeita às graves crises de estiagem. Do Litoral ao Sertão, o território paraibano está dividido em quatro mesorregiões, sendo elas: a Mata Paraibana, o Agreste Paraibano, a Borborema e o Sertão Paraibano. O clima semiárido característico do sertão é casado com uma típica vegetação rasteira e arbustosa a chamada caatinga. Nesse bioma, a vida se renova numa constante oscilação, com uma mudança de cor do cenário. Sendo o clima popularmente conhecido por sua gente, como sendo apenas duas das quatro estações climáticas do ano. O sertanejo conhece apenas “inverno e verão”. Na Caatinga, na seca a vegetação se apresenta sem folhagens em cor cinza. Parece que queimada pelo sol. Porém quando chove, em uma semana, o cenário aprece todo verde como que num passe de mágica.

Segundo o escritor Eduardo Freitas cita em sua obra "A Seca no Nordeste"; as secas prolongadas no Sertão Nordestino são oriundas, muitas vezes, da elevação da temperatura das águas do Oceano Pacífico, esse aquecimento é denominado pela classe cientifica de El Niño, nos anos em que esse fenômeno ocorre o Sertão sofre com a intensa seca. A longa estiagem provoca uma série de prejuízos aos agricultores, como perda de plantações e animais, a falta de produtividade causada pela seca provoca a fome.

Povo sofrido, principalmente o sertanejo, homem do campo sedento e faminto, cansado de esperar por chuva e quando ela não vem, instala-se profunda desolação. Este, porém, forjando suas forças no caminhar de léguas a procura de uma lata d’água que mate sua sede e a de sua família, torna-se incansável. Essa gente é sempre vista, como povo que aprendeu a enxugar suas lágrimas, com o lenço da esperança, que exercita o costume ressurgir das cinzas e renova suas forças, para atravessar o esmo da seca.

A considerar as questões emocionais vivenciadas pelo homem do campo paraibano e seu povo vizinho, ao longo dos anos, percebe-se a ação da força propulsora provocada pela da escassez seca, expulsar as famílias de sua terra natal, para os grandes centros urbanos, em busca de condições de sobrevivência.

A cultura através da arte, tem se esforçado em mostrar o grito de desespero e de dor dessa gente, expressando a força e a batalha desse povo, que tem lutado para permanecer no seu torrão, porém por muitas vezes são expulsos, pelas necessidades causadas pelo longo período de estiagem.

Citações artísticas retratam muito bem as emoções sofridas pelo forçado desapego de suas origens, dessa gente sofrida. Expressões únicas como as citadas na música de Chico César, “Paraíba Meu Amor” que diz em sua letra:

“Paraíba meu amor

Eu estava de saída

Mas eu vou ficar

Não quero chorar

O choro da despedida

O acaso da minha vida

Um dado não abolirá

Pois seguirás bem dentro de mim

Como um São João sem fim

Queimando o sertão

E a fogueirinha é lanterna de laser

Ilumina o festejo do meu coração”.

A fé e a esperança do povo mostram-se abalada, na música “Asa Branca” de Luiz Gonzaga, considerada como um hino do povo nordestino, também mostra na rude linguagem do camponês, essa terrível situação, no que diz:

“Quando olhei a terra ardendo

Com a fogueira de São João

Eu perguntei a Deus do céu, uai

Por que tamanha judiação?

Quando olhei a terra ardendo

Com a fogueira de São João

Eu perguntei a Deus do céu, uai

Por que tamanha judiação?

Que braseiro, que fornaia'

Nenhum pé de plantação

Por falta d'água, perdi meu gado

Morreu de sede meu alazão.

Inté mesmo a asa branca

Bateu asas do sertão

Entonce' eu disse, adeus, Rosinha

Guarda contigo meu coração

Entonce eu disse, adeus, Rosinha

Guarda contigo meu coração.

Hoje longe muitas léguas

Numa triste solidão

Espero a chuva cair de novo

Pra mim vortar, ir pro meu sertão.

Quando o verde dos teus olhos

Se espalhar na plantação

Eu te asseguro, não chore não, viu

Que eu voltarei, viu, meu coração.”

Esperanças mortas, que muitas vezes prometidas por enganoso poder político, que para se eleger, promete ao povo pobre, simples e trabalhador, que “o Sertão vai Virar Mar”, se o proponente for eleito. Porém quando se elege, esquece-se das promessas feitas.

Com o passar dos anos, observa-se que o problema causado pela seca do Nordeste, é mais político do que climático. Pois políticas públicas, de amplitude agrícolas poderiam ser implantadas nas regiões mais atingidas pelas secas. O que poderia se tornar fontes geradores de emprego e renda, para esta população.

Conforme publicação no site “Em Discussão”, do Senado Federal, o primeiro documento português que relata a seca no Nordeste é de 1552, de acordo com o historiador Marco Antonio Villa, no livro Vida e Morte no Sertão. De 1580 a 1583, os registros mostram prejuízos da seca aos engenhos de cana-de-açúcar e relatam o deslocamento para o sul de cerca de 5 mil índios em busca de comida.

Daí surgem grandes perguntas, como por exemplo: Onde estão as políticas públicas para mudar essa situação? Será realmente que o Nordeste é uma terra seca e improdutiva? Onde está o desenvolvimento da alta tecnologia e o avanço da ciência, para mudar as condições dessa terra sofrida?

Num esforço imenso, luta-se para que nossas crianças não perca a ilusão do belo discurso da história ouvido na escola, “as que podem estudar”, sobre o rico relato da Carta de Pero Vaz de Caminha, que relata ao Rei de Portugal Dom Manuel, sobre os encantos e belezas encontrados por ele, quando da chegada da esquadra de Cabral ao Mundo Novo, na Terra de Santa Cruz.

Como poderia uma criança que nasce e cresce num horrendo cenário desse causado pela seca do Nordeste, entender que há verdade na citada carta de Pero Vaz? Que vão muito além as belezas naturais dessa nação. O majestoso vermelho do Pau-Brasil, está refletido no nosso solo, o qual é fertilizado mantido pela abundante luz solar que em permanente safra, produz um expressivo sorriso no seu povo. A força dessa gente e sua sabedoria, brota como que da terra.

Ah, se essa verdade se consumasse e a beleza da vida, no verdume das matas, pudesse substituir o cinza do chão queimado pelo sol e caveira dum boi que morreu de sede, esquecida num tronco dum velho mandacaru. Tão bom seria se ao invés do esvoaçar funério dos urubus sobre a morte provocada pela carniceira seca, pudéssemos ver o voo das araras coloridas e a melodias dos sabiás no lugar do crocitar da coruja agoureira!

Países situados nas áridas regiões do Oriente Médio, são referência no setor agrícola, com aplicação de técnicas avançadas. Por que não importar esse modelo para essa área do Brasil? Enquanto não se responde, a pequenina Paraíba no coração do Nordeste, segue esperando por melhores dias que venham mudar a sorte de sua gente.

Porém diante de tantas intemperes climáticas que afetam terrivelmente o bem-estar social do povo nordestino, a Paraíba, através de sua brava gente, tem se mantido firme. Em sua economia a base da agricultura, pecuária, indústria, minério e o turismo. O seu povo como bom nordestino que é, tem aprendido com as lições do sofrimento causado pela escassez da seca, a se tornar mais forte e produtivo.

O setor mineral da Paraíba, apresenta um destaque no cenário nacional em diversos produtos, sendo responsável por mais de 90% da bentonita bruta do país. Segundo a Companhia de Desenvolvimento da Paraíba CINEP, no país, é o maior estado produtor de cimento do Nordeste, representando cerca de 27% da produção regional. Além disso, é o quinto maior exportador de rochas ornamentais, com crescimento de 13% sobre o ano anterior. A segunda pedra preciosa mais cara do mundo é a pedra Turmalina Paraíba, perdendo apenas para o diamante, foi encontrada pela primeira vez no Município de São José da Batalha no sertão paraibano. Daí a origem do nome. Com extração apenas em três lugares no mundo, sendo na Paraíba, no Rio Grande do Norte e na África.

A indústria paraibana ocupa o quarto lugar no Nordeste no ranque nacional, ficando atrás apenas de Pernambuco, Bahia e Ceará. O setor agrícola, é bem desenvolvido, principalmente em alguns produtos, como o caju, abacaxi e o algodão. A Paraíba é o segundo produtor de abacaxi do Brasil, e é o maior produtor de algodão colorido do país é o terceiro maior produtor de cana-de-açúcar do Nordeste. O estado é propício para o investimento na produção de energia limpa, pela presença de abundantes ventos e a presença e intensa da luz solar.

O turismo a maior indústria sem chaminé do mundo, movimenta na Paraíba uma grande parte da economia, como uma variação regional de acordo com determinados meses do ano. Com a excelente localização geográfica no extremo leste das américas, Na Paraíba estigmatiza-se como o local em que o sol nasce primeiro. O astro rei é presente com bastante força nas quatro estações do ano. Isso favorece bastante o turismo na área litorânea com seu exuberante conjunto de praias belíssimas em todo o litoral.

No trimestre de julho a setembro, o turismo se fortalece num circuito entre alguns municípios, no chamado “Os Caminhos do Frio”, no brejo paraibano com frio em média de 12 graus. Situadas na região montanhosa do Planalto da Borborema com altitude de 550 metros acima do nível do mar. Principalmente em alguns municípios do brejo paraibano, há uma grande procura pelos turistas que visitam, as cidades histórias, engenhos, trilhas ecológicas e Parques nacionais. São incluídos rota dos Caminhos do Frio os municípios de Alagoa Grande, Alagoa Nova, Areia, Bananeiras, Pilões, Remígio, Serraria e Solânea.

No cenário arqueológico, a Paraíba se apresente com destaque em grandes sítios, como o Lajedo de Pai Mateus é uma elevação rochosa localizada na cidade de Cabaceiras, (O município que menos chove no estado), onde está localizada no estado da Paraíba, Brasil. Nela está escrito no alto da montanha: “Roliude Nordestina”, palco cinematográfico de vários filmes. Tem aproximadamente 1,5 km² e cerca de cem grandes pedras arredondadas que se destacam sobre a superfície ligeiramente convexa e a vegetação escassa da região do Cariri Paraibano. A Pedra de Ingá é um monumento arqueológico, identificado como "Itacoatiara", formado por um terreno rochoso que possui inscrições rupestres entalhadas na rocha, localizado no município brasileiro de Ingá no estado da Paraíba. O termo "Itacoatiara" vem da língua tupi: ita e kûatiara.

No Município de Araruna, localiza-se o Parque Estadual da Pedra da Boca, que está na porção norte, no estado da Paraíba, O pico do Jabre é o ponto culminante do estado brasileiro da Paraíba. Com 1.197 metros de altitude, o pico localiza se no município de Matureia. O Parque Estadual Pico do Jabre foi criado para envolver toda a área do pico e proteger a fauna e a flora da região.

A cultura artística paraibana apresenta nomes influentes no mundo todo como, Chico César, Elba Ramalho, Sivuca, Zé Ramalho, Sandra Belê, Herbt Viana, Lucy Alves, Geraldo Vandré, Flávio José, Renata Arruda, Pedro Américo, Bartô Galeno, Pinto do Acordeom, Vital Farias, Sérgio Lopes, Pinto de Monteiro, Nairon Barreto, Jessier Quirino, Mestre Zaia, Pulo de Lira, Zezita Matos, Wladimir Carvalho entre outros.

O destaque na Literatura fica com nomes como, Ariano Suassuna, Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida, José Lins do Rego, Ivan Bichara, Ernani Sátiro, Ronaldo Cunha Lima, Raimundo Asfora, Assis Chateaubriand Inácio da Catingueira, Celso Furtado, Waldemar José Solha e outros mais.

Desse modo registra-se a as características de Paraíba, este nome de bárbaro significado tupi, de povos curiosos costumes, lendas e tradições. Terra de um povo de coração acolhedor e de uma força incontestável. Vale a pena conhecer esse chão.

João Pessoa, 23 de julho de 2021.

Dom Antonio Joaquim Alves (Thiago Alves)

Embaixador da Paz Mundial - Núcleo Paraíba, Brasil

World Parlament of Security and Peace WPO

Thiago Alves Poeta
Enviado por Thiago Alves Poeta em 01/01/2025
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