Dia da Consciência Negra agora é feriado nacional. Um dia de ócio só para reflexões?

Dia da Consciência Negra agora é feriado nacional. Um dia de ócio só para reflexões?

por Márcio de Ávila Rodrigues

[20/11/2024]

Muito tempo atrás, sei lá exatamente quando, alguém me afirmou que antes do golpe militar de 1964 o Brasil tinha uma profusão de feriados. Acrescentou que os ditadores-generais fizeram uma filtragem e os reduziram aos indispensáveis.

Nunca me interessei em fazer uma pesquisa profunda para confirmar ou negar a afirmação. O regime que perdurou até o ano de 1985, com o fim do mandato do inexpressivo general João Batista de Figueiredo, mexeu muito na história brasileira.

(Bem mais relevante do que isso, eu citaria a questão da estatização generalizada, causa clara do aumento da dívida pública e da espiral inflacionária.)

Mas não deve ser uma pesquisa difícil. Um Google + enter aqui, outro Google + enter ali e em algum momento vai aparecer a última lista dos feriados pré e a primeira pós golpe militar, que até os militares já desistiram de chamar de revolução brasileira.

Mas o fato é que a chiadeira discreta das categorias patronais geralmente não tem força suficiente para impedir a criação de novos feriados, pois os políticos estão sempre precisando agradar alguém ou algum grupo social.

O mais recente grupo a conseguir a criação de um feriado nacional foi o da neoesquerda. Seus ativistas, sem a ultrapassada perspectiva de revolucionar a sociedade com ideias de socialização igualitária, agora investem pesadamente na reparação das injustiças raciais.

E conseguiram criar um feriado nacional com a utópica ideia de fazer as pessoas refletirem sobre a situação social dos negros. O congresso criou a lei em 2023 e o feriado ocorrerá hoje, 20 de novembro de 2024, pela primeira vez.

Um dia sem trabalho, um dia de reflexão. Não parece uma coisa de zen-budista?

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Dia_Nacional_de_Zumbi_e_da_Consci%C3%AAncia_Negra

Sobre o autor:

Márcio de Ávila Rodrigues nasceu em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, Brasil, em 1954. Sua primeira formação universitária foi a medicina-veterinária, tendo se especializado no tratamento e treinamento de cavalos de corrida. Também atuou na área administrativa do turfe, principalmente como diretor de corridas do Jockey Club de Minas Gerais, e posteriormente seu presidente (a partir de 2018).

Começou a atuar no jornalismo aos 17 anos, assinando uma coluna sobre turfe no extinto Jornal de Minas (Belo Horizonte), onde também foi editor de esportes (exceto futebol). Também trabalhou na sucursal mineira do jornal O Globo.

Possui uma segunda formação universitária, em comunicação social, habilitação para jornalismo, também pela Universidade Federal de Minas Gerais, e atuou no setor de assessoria de imprensa.