A mentira de vendedor vai acabar um dia? Jamais!

A mentira de vendedor vai acabar um dia? Jamais!

por Márcio de Ávila Rodrigues

[16/09/2024]

"Fique à vontade, disse a vendedora que me seguiu por toda a loja".

Esse meme curto saiu recentemente no Facebook e me fez recordar de muitos e muitos casos de pressões de vendedores no comércio, em vários tipos de lojas e em qualquer outra atividade de compra e venda no Brasil.

Uma chatura, para dizer o mínimo.

No Brasil, os vendedores também seguem os clientes por outro motivo que não é a venda, e sim o risco de roubo. “Estamos de olho” é a mensagem.

Mas o motivo principal é incentivar o consumo. Estão prontos para dar qualquer informação, o que será o gatilho para "empurrar” o produto à venda.

A “mentira de vendedor” já está no folclore do comportamento nacional. No caso de roupas, eles e elas dizem que a cliente ficou maravilhosa, e a roupa lhe “caiu” muito bem. Se a cliente tiver dúvida e pedir o número acima, o elogio será o mesmo. Se pedir um número abaixo, a maravilha vai continuar.

Não existe produto ruim, todos são excelentes. Já o do concorrente…

Nas praças de alimentação de qualquer shopping center é pouco provável caminhar sem ser procurado por algum funcionário com cardápio na mão.

Mais chata ainda é a pressão da propaganda gritada a plenos pulmões. Nas ruas de muito comércio das cidades médias ou grandes elas são frequentes, muitas vezes amplificadas por caixas de som.

Um comportamento bem característico do terceiro mundo.

Mas tem uma nova moda neste comportamento: o excesso de gentileza no trato com os clientes. Um procedimento que, ultimamente, anda resvalando para a falsa intimidade.

É muito estranho a atendente chamar o cliente masculino de querido, meu amor, meu bem,

Tal comportamento começou devagar, agora é rotina. Banalizou.

O que me impressiona é que tais banalidades costumam cativar muitos clientes. Muitas vezes é o mesmo consumidor que diz frases como “todo vendedor é mentiroso”.

Sobre o autor:

Márcio de Ávila Rodrigues nasceu em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, Brasil, em 1954. Sua primeira formação universitária foi a medicina-veterinária, tendo se especializado no tratamento e treinamento de cavalos de corrida. Também atuou na área administrativa do turfe, principalmente como diretor de corridas do Jockey Club de Minas Gerais, e posteriormente seu presidente (a partir de 2018).

Começou a atuar no jornalismo aos 17 anos, assinando uma coluna sobre turfe no extinto Jornal de Minas (Belo Horizonte), onde também foi editor de esportes (exceto futebol). Também trabalhou na sucursal mineira do jornal O Globo.

Possui uma segunda formação universitária, em comunicação social, habilitação para jornalismo, também pela Universidade Federal de Minas Gerais, e atuou no setor de assessoria de imprensa.