OS ESTEREÓTIPOS NOSSOS DE CADA DIA

Valéria A Gurgel

Sim, a vida é muito preciosa e muito curta para seguirmos aceitando que nos imponham moldes! Aqueles velhos padrões do senso comum, os chamados estereótipos. Palavra que lembra situações meio extragalácticas, pois realmente não parecem ser desse nosso mundo!

 

Ainda que, cá entre nós, eu acredito piamente que haja mundos muito, mas muito mais evoluídos que o nosso no universo e cada vez mais penso que nós estamos perdendo pontos positivos nessa escala evolutiva, a cada ano!

 

Essa palavra assustadora e medonha, “Estereótipo” é carente de originalidade e farta de clichês!

Sim, a vida nos oferece diariamente oportunidades de evolução, se quisermos usar de um pouquinho de sensibilidade.

 

Enxergar e ouvir os mais leves e sutis sinais. Estar atento, já basta, para não mais seguirmos tendo aquela "velha opinião formada sobre tudo".

E olha que quem muito bem cantou essa verdade, lamentavelmente nem mais está aqui entre nós. Raul talvez tenha sido poupado pelo universo de ter que presenciar o triste cenário atual de degradação humana e de ter que ver e sentir ainda mais revoltas e desilusões!

 

Quem de nós nunca desejou que seja, um breve momento de nostalgia, relembrar o passado e até por um lapso de sentimentalismo querer voltar para reviver algo que lhe deixou saudades... Há quem grite: - Quanta pieguice! Por se querer realizar uma fictícia viagem no tempo...

 

Mas, poucos são os que desejam voltar no tempo com um olhar realista, cuidadoso e atento para uma análise criteriosa dos fatos do passado. É ali, onde as sementes da discriminação germinaram. E as raízes foram se fortalecendo gradativamente, de tudo o que vem crescendo, florescendo e frutificando em nossa sociedade atual em que vivemos.

 

As mentes conservadoras, aquelas que se opõem às mudanças, apegadas a uma hierarquia tradicionalista e doentia, cegam qualquer chance de inovações. Não permitem nenhuma possibilidade de adaptações nos formatos considerados certos, normais, ideais, legais, bonitos, confiáveis e por aí vai…

 

Geralmente o que é de cunho ético e moral, o que tem raízes inabaláveis quando conquistadas, na pura e intrínseca essência humana, o que deveria ser imutável e sólido em nós, isso todos andam buscando aquele jeitinho de cambiar!

 

Há sempre um velho padrão a se seguir, a ser copiado, reproduzido, ensinado de geração em geração.

Sabemos que a vida é movimento e todo movimento está sujeito às mutações e toda mutação requer sensibilidade, cuidado, flexibilidade, atenção. Desde as moléculas!

 

Enxergar o mundo pelo prisma da Sabedoria, do bom senso e da lucidez é indispensável para lidar com as mudanças. É a premissa para um raciocínio lógico, estabelecer critérios fundamentados antes de qualquer coisa, nas virtudes.

 

Mas, para a maioria, simplesmente fechar os olhos para fingir não ver tudo o que acreditam ser uma heresia é bem mais cômodo!

Usando a frase que simboliza a perfeita aversão:

"O que os olhos não vêm o coração não sente". E assim, o adubo da ignorância para ser distribuído gratuitamente e disseminado na lavoura do crescimento humano.

 

Atitudes da verdadeira “Heresia da Separatividade”. Uma filosofia de origem tibetana que relata a enfermidade mais grave que acometeu praticamente quase todos os seres humanos. Ela consiste em se acreditar que situações “individualistas” não são capazes de afetar “o todo”! E que somos uma célula a parte na natureza e no resto dos seres.

Taí, o que gera o egoísmo, a violência e todos os males que acometem o mundo.

 

Nunca a humanidade esteve tão desumana e tão fragmentada.

E sabemos muito bem que tudo aquilo que vai se fragmentando vai se enfraquecendo. Assim como um exército em uma guerra.

Vivemos uma guerra planetária onde nós, os seres tidos como racionais, seguimos lutando, não em um exército contra o outro, mas em um único exército mundial, para nos autodestruirmos, a cada segundo.

Incendiando as matas, matando inocentes seres vivos, de todas as espécies, todos, sem distinção. Contaminando o ar que respiramos, intoxicando o alimento que comemos, os rios, os mares e os nossos poucos mananciais de água e de oxigênio, essenciais à vida de todos,que ainda nos resta!

 

Ainda não entendemos que todos nós, todos os seres, todos os reinos somos um, a Natureza, o orbe sagrado se interage num mesmo e único propósito de um bem comum, a corrente do bem.

A maioria das pessoas sequer desejam experimentar uma lente precisa, ou mudar levemente o ângulo para rever, ou reavaliar os fatos de sua própria história. Perceber com responsabilidade que em um dado momento, no ceio familiar, em sua ancestralidade, seus pensamentos, palavras e atitudes estão somente sendo reproduzidos sem um mínimo critério de análise. E seguirão contribuindo ou alavancado o processo de muitas situações covardes, horripilantes, insanas, constrangedoras.

 

São desequilíbrios, que geram desequilíbrios, dores que geram dores, males que geram males como um círculo sem fim.

Frustrações, discriminações, exclusões de todos as extirpes, a cruel invisibilidade diante a multidão, são os maiores desencantos de muitos de nossa sociedade.

As fobias andam criando proporções enormes e nomes distintos! Aporofobia, gerontofobia, gordofobia, homofobia, xenofobia... e a lista só cresce. No fundo estamos nos tornando Seres Humanofóbicos!

 

Situações gritantes de toda espécie; étnicas, sociais, de gêneros, religiosas, partidárias, físicas, mentais, cognitivas, culturais... afinal, quem devemos ser? E a qual grupo devemos pertencer para sermos deveras aceito e termos a mínima dignidade de ser e existir por aqui?

 

Usar dos diversos estereótipos para denominar alguns poucos, se tornou a moda do século. São Siglas e mais siglas criadas, que vão sendo gradativamente substituídas por letras únicas, números que se agrupam como uma marca registrada do SER.

Sinceramente, eu prefiro ser essa METAMORFOSE AMBULANTE do que ter AQUELA VELHA OPINIÃO FORMADA SOBRE TUDO!

Crônica publicado em meu Site Literário

www.valleriagurgel.com

@valeriacristinagurgel

Valéria Cristina Gurgel
Enviado por Valéria Cristina Gurgel em 26/08/2024
Reeditado em 26/08/2024
Código do texto: T8137371
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