O sentido da caridade

Há dois milênios existe uma briga entre caridade e fé. Ela está clara no Novo Testamento entre os apóstolos Paulo e Tiago, o irmão do Senhor.

O apóstolo dos gentios deixava claro que a salvação é exclusivamente pela fé no sacrifício vicário de Cristo, já Tiago, o apóstolo da circuncisão (dos judeus) enfatizava a importância das boas obras, da caridade, como testemunha de um verdadeiro cristão.

Esse conflito ficou em grande evidência a partir de 1517, com o advento da Reforma Protestante e das 95 Teses de Lutero, pois enquanto para o catolicismo a salvação é um conjunto de fé com boas obras (caridade), para o protestantismo histórico a salvação é unicamente pela fé. Lutero já citava Paulo em sua epístola aos Romanos que dizia: "O justo viverá pela fé".

No Brasil, o espiritismo kardecista e outros grupos também enfatizam a caridade como meio de evolução espiritual e até de "salvação", no entanto, cabe sinalizar, que fazer boas ações esperando receber dádivas divinas em troca ou a salvação eterna, não deixa de ser um tipo de barganha e uma obrigação religiosa, não é um ato voluntarioso. É dar contando em receber.

Nesse sentido, os atos de caridade dos ateus, céticos e agnósticos são mais profundos e verdadeiros que às ações dos religiosos, pois os que não crêem numa divindade ou não se importam com a sua existência, não fazem o bem esperando receber o reino dos céus em troca, nem proteção contra o Diabo, nem para obter prosperidade financeira ou qualquer outro benefício material ou espiritual. Eles fazem o bem porque é certo, porque se colocam no lugar do outro.

Nada melhor do que fazer o bem sem esperar absolutamente nada, nem a gratidão daqueles que foram beneficiados pelo bem feito.

Rebeca Collyer já dizia: "Fazer o bem sem esperar recompensa, elimina qualquer possibilidade de ingratidão."

Já afirmava Leon Tolstói: "A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira." E o grande filósofo Epicuro nos informava: "O prazer de fazer o bem, é maior do que recebê-lo."

Termino esse excerto com o poeta Mário Quintana, que dizia: "No fundo, não há bons nem maus. Há apenas os que sentem prazer em fazer o bem e os que sentem prazer em fazer o mal..."

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 04/04/2025
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