A poesia não se explica
A poesia não se explica, porque, quando se explica, perde a cor, perde a força, como uma árvore que encontra uma barreira, impedindo-a de expandir. A poesia não se explica, porque não se explica aquilo que foi feito para sentir.
Ela existe para ser sentida, para escapar às limitações das palavras e crescer livremente. Então, por que limitar algo que foi feito para navegar no mar profundo? A natureza da poesia é ilimitada, indomável, feita para expandir-se dentro de quem a acolhe, onde é impossível contê-la e onde cada leitor navega de uma forma única. A poesia não pertence a quem a escreve, mas a quem a sente e interpreta, permitindo que ela seja tão vasta quanto o oceano, livre para explorar todas as emoções que encontra pelo caminho.
Assim como o tempo que Santo Agostinho tentou descrever, sentido de forma íntima e, no entanto, impossível de aprisionar em palavras, a poesia também escapa a explicações definitivas. Ela é movimento, mistério, uma linguagem que só existe plenamente quando flui livremente entre quem escreve e quem lê.
A poesia foi feita para sentir e, por isso, deve ser livre. Livre para entrar em cada coração e renascer com novas formas e significados. Em cada olhar que pousa sobre ela, a poesia ganha novas camadas, carregando consigo o poder de transformar e de ser transformada.