ENTÃO, É NATAL...
Andando pela cidade, milhares de luzes em pisca-pisca, iluminam as principais avenidas? Nas lojas, crianças pedem com um singelo sorriso e os pais com cheques e cartões de crédito em mãos, respondem com diversos presentes, todos caros e tão cobiçados pelos seus anjinhos?
Nos supermercados todos sorriem uns para os outros e as compras são reforçadas por panetones, espumantes e perus? Esposos e esposas juntamente com seus respectivos amantes; aquele vizinho chato, que sempre implica com o seu som alto e até aquela professora de química, que te deixou de exame por dois décimos, se mostram gentis e são enfeitiçados pela magia dessa época do ano?
Se as respostas para cada uma das perguntas forem todas afirmativas, faço das palavras da Simone minhas palavras: “Então é Natal...”.
Mas espere aí! Será que isso é Natal?
O natal não é essa perfeição toda, pelo menos não a meu ver. Afinal, a realidade não é nenhum especial de fim de ano da Xuxa.
Vamos lá...
As luzes estão sim espalhadas pelas principais avenidas, exceto é claro, nas pequenas partes onde estão queimadas ou simplesmente foram destruídas por algum cidadão desprovido de espírito natalino.
Já nas lojas, o que vejo são crianças birrentas, desesperadas por brinquedos caríssimos, que duram (com um pouco de sorte) até o ano novo e pais com sorrisos nervosos, de quem está cumprindo uma obrigação anual. Esses doam metade do seu décimo terceiro salário, para as mãos do bom velhinho, enquanto a outra metade vai para as mãos dos donos de supermercados.
Lá as filas são infinitas e todos os funcionários são obrigados a complementar ao seu belo uniforme, um gorro de Papai Noel deixando-os suados e com uma coceira na cabeça que parece ser transmissível. Tudo isso é óbvio, embalado ao som de “dingo’bel” e pelos mais variados hits natalinos.
Isso sim é Natal! E não nos esqueçamos do momento máximo dessa data tão glorificada. A ceia de Natal. Que por sorte, será na sua casa.
A ceia de Natal, que a cada ano que passa conta com menos gente, reúne parentes e amigos que trocam farpas o ano inteiro, e nessa noite se abraçam e se beijam, com votos de paz e prosperidade. É o puro cheiro da hipocrisia e da falsidade sendo exalado no ar.
Em meio a estas pessoas que protagonizam as principais cenas, há sempre aquele que quer se servir antes da meia-noite, aquela que implica com suas músicas e acha que você é o garçom da ceia, contratado especialmente para servi-la e aquela outra que reclama de tudo, desde o tempero da carne até a sua arvorezinha de Natal, que é muito pequena e está muito velha.
Tudo isso faz parte da ceia, mas tem uma coisa que não pode faltar. Porque ceia de Natal, não é ceia de Natal sem que aconteça uma discussãozinha sequer. Seja pela mistura estomacal adquirida pela ingestão de sidra, vodca, vinho, ponche e cerveja ou simplesmente, pela latinha de cerveja vazia, que continha o precioso líquido e que se transforma em valioso produto de venda. A verdade é que toda discussão e troca de adjetivos nada natalinos entre pais, filhos, maridos, esposas, tios, primos e aquele que você nunca viu, mas foi o primeiro a chegar à espera de se deliciar com o seu chester é extremamente normal. Tão normal quanto a árvore de Natal ou o Papai Noel.
Agora fica a pergunta:
Esses fatos citados acima, acontecem anualmente na sua rotina natalina? As pessoas estão cada vez mais esquecendo do real sentido dessa data, que é o de comemorar o aniversário do cara mais importante, que esse mundo teve conhecimento?
Se as respostas para estas perguntas forem afirmativas, agora sim podemos deduzir sem problema algum: “Então é Natal...”
ROU ROU ROU!!