ENCONTRO COM O PAPAI NOEL
(Samuel da Mata)


          Eu fui, logo em novembro, visitar o pinheirinho e deixar meu pedido de Natal ao Papai Noel. Este ano eu não queria a desculpa de que eu não fiz o meu pedido a tempo. Sabe, quando eu era pequenino eu nunca fiz pedido algum e Papai Noel sempre me dava um presente legal. Acho que o Velhinho está ficando demente. No ano retrasado ele se esqueceu de passar lá em casa. Meu pai disse que ele tem medo de cachorro grande, por isso não entrou em casa, mas o meu cachorro é um labrador tão mansinho e mesmo assim ainda estava dormindo debaixo da minha cama, não sei o porque deste medo. O meu primo Ricardo tem um Rottweiler monstruoso e nem por isso o velho teve medo dele. Acho isso muito estranho. O ano passado foi pior, só recebi um recado na minha gaveta dizendo que o presente não ficou pronto porque eu demorei a por meu pedido no pé do pinheirinho.

          Tudo bem, mas este ano o que me assustou foi ver O papai Noel no pinheirinho, disfarçado de canário. Acha que eu sou bobo, o Velho se esqueceu de trocar de roupas. Aproveitei a ocasião e disse uns bons desaforos para ele. Não adiantou muito, ele virava a cara como se não quisesse me escutar. Agora eu entendo o que os adultos chamam de indiferença, é uma coisa muito fria e triste. Mas eu disse a ele que não precisava mas vir a minha casa, eu não gosto de presentes de falsidade. Disse também que não me deixasse mais recados pois daqui pra frente eu ia fazer como fazem os meus colegas, tratá-lo como se ele não existisse. Isso foi o bastante, ele levantou voo e foi enganar em outra freguesia. Voltei para casa e chorei à beça, mas fiquei de alma aliviada.
                           
                                                            Em 01/11/2010, Pedrinho
Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 01/11/2014
Reeditado em 06/09/2015
Código do texto: T5019782
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