Tempo de Despertar
 
Fátima Irene Pinto
 
Olá, Amigos(as)!
 
Eu e a minha dificuldade de escrever de acordo com a data!
Ainda bem que havia vários textos prontos para o Natal, e este ano meu guardião inspirador permitiu-me escrever mais um. Todos eles já foram passados, formatados e divulgados com alegria e portanto fiquei em dia com o Advento e com tudo que ele evoca na sua essência.
 
Mas o que vou lhes dizer e lhes desejar em 2012, que todos vocês já não tenham recebido e lido exaustivamente?
Ainda assim, sentir-me-ía em falta se não dissesse algumas palavras, afinal, um ano que se inicia é sempre promessa de renovação.
Nasce como uma folha em branco, onde vamos escrever mais um capítulo da nossa história, muito embora esta história, na sua beleza ou ausência dela, na sua grandeza ou morbidez, nem sempre dependa de nós, mas registrará as lições que ainda precisamos incorporar e as lições já incorporadas, individual e coletivamente.
 
Sinto o mundo passando por mudanças delicadas.
Meu pai dizia que não é possível saltar de uma encosta  para outra.
Para poder pegar a encosta que sobe, temos que rolar ribanceira abaixo até o vale. 
Só então é possível recomeçar uma nova escalada.
Estamos finalizando muitos ciclos e temos nos defrontado com o inimaginável, com o desconhecido, com aquilo sobre o que decididamente não temos controle.
Se por um lado percebo situações preocupantes como todos vocês percebem, por outro lado, sinto que parte da civilização vem amadurecendo rapidamente, trazendo em seu cerne novos valores morais e espirituais. Parece inevitável que em pouco tempo dar-se-á uma separação do joio e do trigo.
 
Não me refiro a algo apocalíptico.
Refiro-me a algo dentro de nós que atingiu a exaustão, que não está mais disposto a aceitar nem pactuar com mentiras, ilusões, corrupções, distorções, desigualdades, violências, abusos de poder, injustiças, omissões, subversão de valores, misérias morais, depredações da natureza.
 
Por um lado, estamos profundamente indignados e por outro, estamos cheios de compaixão.
E mais que isto, estamos cada vez mais lúcidos, inevitavelmente lúcidos, de tal sorte que nem a mídia mais insidiosa e persuasiva será capaz de nos enganar porque temos aprendido a ver e a sentir com os nossos próprios olhos, de forma independente.
Esta maturidade tem sido alcançada com muito sofrimento, infelizmente, e se fará sentir nos anos vindouros, em movimentos coletivos que serão amplos e que terão o poder de contagiar os que ainda não estiverem despertos.
 
É certo e esperado que a "ala escura" dos empedernidos aos quais estas mudanças decididamente não interessam, oferecerá resistência, mas creio sinceramente que nada mais pode deter esta ânsia que temos carregado no peito, por um mundo melhor e mais justo.
É só a ponta do iceberg começando a emergir, e emergirá, não importa quanto tempo leve, nem quão acirradas possam ser as investidas das trevas e dos trevosos.
Tornou-se imperioso resgatar a dignidade humana!
 
Então, que o ano novo nos traga renovadas forças, redobrada coragem, ampliada lucidez, obstinada determinação para atuarmos de forma efetiva na construção de um mundo melhor, começando pelas coisas mais simples, aquelas que podem ser mudadas dentro de nós ou perto de nós e que estão bem ao alcance de nossas mãos.
Neste percurso, encontraremos aqueles que estão embuídos dos mesmos ideais e então, de pequenos riachos, nos tornaremos gradativamente em rios encorpados e poderosos.
 
Se me perguntarem que voz ouvir, eu lhes direi:
- A voz da própria consciência. Ela já está madura e desperta dentro de cada um de nós. Não nos neguemos a ser "sal da terra e luz do mundo" nesta delicada curva que a todos nos espera e que não pode mais ser detida, adiada ou contornada.
E assim, dentro desta linha de pensamento, eu realmente lhes desejo um Feliz Ano Novo - um ano cheio de nobres ideais e de muita determinação para dar-lhes forma e consumação.

Boas Festas!