APARECIMENTO DO NOSSO BRASIL

Quando inventaram o Brasil

Eu nem se quer existia

Mas se aqui eu estivesse

Logo me rebelaria

Expulsaria Cabral

E o lote de marginal

Que pra cá ele trazia

Preparava um bacamarte

Com prego chumbo e arruela

Só pra ver estilhaçar

Meia dúzia de costela

Eu preparava um barril

E com um certeiro pavio

Afundava a caravela

O vigiador da torre

O “pau mandado” equilibrista

Nem chegaria dizer

A tal frase: terra a vista

Pois seria alvejado

Pro inferno despachado

Sem deixar nenhuma pista

O tal Pero Vaz caminha

De certo que mudaria

E de forma diferente

Sei que ele escreveria:

Meu caro imperador

Prefiro a forca meu senhor

Que voltar pra cá um dia

Cá encontramos um cabra

De invejável valentia

Por isso eu acredito

Que aqui será um dia

Um pedaço de Brasil

E essa terra varonil

Terá nome de Bahia

Nem chegamos desembarcar

Tudo aqui logo explodiu

Pra me salvar acredite

Tive por sorte um barril

Fui levado a uma gruta

Mas aquele filho da puta

Meu refúgio descobriu

Foi tapa pra todo lado

Eu logo gritei, me rendo

Levei uma surra tão grande

Que ainda estou tremendo

Gemia de dor calado

Com os fundilhos borrado

E ele foi me dizendo:

Avise ao seu Comandante

Ou seja lá o que for

Capitão Rei ou o diabo

Quem sabe até Imperador

Que estas terras já tem donos

Não somos os seus colonos

Somos gente de valor

Temos ouro, cobre e prata

Diamante esmeralda

Nossas riquezas naturais

Não sairão de mão beijada

Corja de trapo maldito

Nada levarão no grito

A não ser muita pancada

“Desde os mil e quinhentos

Vivemos na exploração

Se não é pelos ianques

É por político ladrão

E assim eu me pergunto

Meditando no assunto

Que será desta nação”?

E o culpado quem é

Me responda por favor

É o político imundo

Ou será o eleitor?

Se não sabemos votar

Fica mais fácil roubar

Com o aval do votador

Por isso é que eu digo

Com dor e forte lamento

O 22 de abril

Não me dá contentamento

Volto e vejo o passado

Índio aqui abandonado

Ainda estão no sofrimento

Tem até cotas pra negros

Não é discriminação?

E o cabra nordestino,

Também sofre essa pressão?

Fico então a meditar

Onde a gente vai parar

Com tanta falta de união?

É Juiz é Deputado

Estadual e federal

Ministro e Senador

Metido no lamaçal

Todos com salvo-conduto

Sangue suga Valério duto

Achas isso que é normal?

O Brasil está sem rumo

Sofrendo muito maltrato

Propina conchavo e roubo

Vimos com o LAVA JATO

Bandidos engravatados

E os eleitores calados

Veem o triste retrato

Mas esse ano de novo

Lá se vem outra eleição

Com sorriso de candidato

Abraços aperto de mão

Promessa feita em comício

Todos eles no oficio

De fazer juras em vão

Mas o salário compensa

Sem contar a mordomia

Quatro anos de mandato

Bota a vida dele em dia

E o tal assalariado

Como sempre sufocado

No arrocho da economia

Vou lutar pela cultura

Saúde educação

Emprego e bom salário

E também habitação

Transporte de qualidade

Onde a modernidade

Ajudará o cidadão

Vou urbanizar favelas

Melhorar a segurança

Mas para que isso ocorra

Quero a sua confiança

Unidos construiremos

E juntos eu sei teremos

Um país de esperança

Quando o sujeito ganha

Se manda lá pra Brasília

Anda de carro blindado

Segurança de vigília

E as promessas de campanha

Realmente quem as ganha

São membros da sua família

São 515 anos

São as mesmas caravelas

Os mesmos exploradores

E são as mesmas mazelas

São os mesmos sugadores

Do seu povo enganadores

São frutos destas sequelas

Má distribuição de renda

Pro pobre não sobra nada

Se a justiça fosse cega

Eu afirmo camarada

Cadeia pra enganador

No meu país seu doutor

Ficava superlotada

Não vou generalizar

Pois lá tem gente de valor

Tem quem luta pra mudar

Respeita o seu eleitor

Por aqui meu verso finda

Mas eu ficarei ainda

De olho aberto seu doutor

Cada frase aqui escrita

Agradeço a inspiração

Revolto-me com esses fatos

Lutando pra não ser em vão

O poeta tem o direito

Soletrar rima com jeito

Sacudindo a expressão

Informando em cordel

Lutando pela escrita

Valorizando a conquista

Arte feita no papel

Carlos Silva

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São Paulo: Abril de 2008

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 25/04/2008
Reeditado em 11/11/2015
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