O HOMEM DE QUARENTA ANOS
O homem que tem quarenta
Não tem mais prosperidade
Do tempo que tinha vinte
Hoje só resta a saudade
Da longa estrada da vida
Já caminhou a metade
Hoje quem tem essa idade
Não sabe se fica ou vai
Qualquer comida lhe ofende
Com qualquer tombo ele cai
Quando se deita na cama
É gemendo e dizendo ai
Nada de belo lhe atrai
O que é bom ele não acha
É como um carro velho
Que está saltando de marcha
Que nunca anda direito
Por mais que lhe ponham graxa
E quando chega essa faixa
Já vai descendo a ladeira
No corpo resta o cansaço
E nas pernas uma tremedeira
Ta igualzinha ao retraço
Que sobra no fim da feira
Também não tem mais quem queira
Arranjar-lhe algum trabalho
Porque não dá rendimento
Só vai servir de atrapalho
Quando encontra alguma coisa
É só pra quebrar o galho
É carta fora do baralho
Em qualquer situação
Quando chega numa festa
Ninguém lhe dá atenção
Tem lugar pra todo mundo
Porém pro coroa não
Mas se nessa ocasião
Chegar um jovem educado
Diz: tio que está fazendo
Nesse lugar agitado
Lá no canto da parede
Tem banco desocupado
Se tem serviço pesado
Vejam só como essa é boa
Os jovens logo se afastam
Puxam o barco e a canoa
Não querem saber de nada
Sobra tudo pra o coroa
A todos ele perdoa
Sem nenhum ressentimento
Porque também já foi jovem
E não pensava no momento
Que um dia ficava velho
E passava esse sofrimento
Ao jovem que tem talento
Eu dou força e confiança
Pra que essa nação cresça
Vocês é a esperança
Do tempo da juventude
Em mim só resta à lembrança
Carlos Alberto de Oliveira Aires
Carpina-PE, 19/01/2008
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