QUANTO MAIS PENSO QUI SEI/ MAIS EU PRICISO APRENDÊ...
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI / MAIS EU PRICISO APRENDÊ...
Literatura de Cordel
Autor: Bob Motta
N A T A L – R N
2 0 0 8
Tive no Jardim da Infança,
decorei a tabuada,
subi uis degrau da iscada,
do meu tempo de criança.
Tinha no peito, a isperança,
de me fóimá, pode crê.
Lí a carta do ABC,
e vi dispôi qui me fôimei,
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
Discí morro, subi serra,
sufrí cum a sêca e o calô,
decramei verso de amô,
fiz da poesia, anti guerra.
Nuis sertão da minha terra,
tive um alegre vivê.
Na sêca, era um padicê;
de disispêro, chorei,
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
Cantei musga de paiáço,
de circo, de pasturil.
No Nordeste do Brasil,
istudei sôbre o cangaço.
Amanhincí dando amasso,
bêjando o meu bem querê.
Ela é cansa de sabê,
qui ao lhe vê, me apaixonei,
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
Aprindí fazê cabresto,
a corrê in vaquejada,
a fazê quêjo e quaiáda,
a pescá no ríi, cum cesto.
A corrê in disimbêsto,
a rezá no amanhincê,
a Jesus agradicê,
por tudo o qui já ganhei,
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
Fiz aifabetização,
primáro e ginasiá.
Quando fui me graduá,
fiz adiministração.
A mais preciosa lição,
qui eu aprindí, pode crê,
eu vô dizê prá você,
qui jamais isquecerei,
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
Sempre gostei do agito,
dento do meu universo.
Aprindí a fazê verso,
lá na Mina do Bunito.
No mêi daquêle isquisito,
na rêde, ao anoiticê,
uvindo o fole gemê,
prá poesia dispertei,
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
Aprindí qui o hôme chora,
de emoção, de sodade,
de dô, de felicidade,
ô quando amô vai s’imbora.
Quando chega a sua hora,
e sabe qui vai morrê.
Quando inganado se vê,
E prá si, diz: Me lasquei;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
Aprindí qui no sertão,
quando o arapuá faiz mé,
cai munta chuva, a grane,
mióra a situação.
Qui o matuto meu irmão,
pranta pensando in cuiê.
Qui uis seus dia de sofrê,
tão contado, isso é de lei;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
Qui o sêbo de carnêro,
é um bom remédio, é fato.
Qui duis remédio do mato,
êle, é um milagrêro.
Qui o bode pai de chiquêro,
sabe quando vai chuvê.
Qui do idoso, o paricê,
é a palavra de um rei,
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
Qui a banha da cascavé,
é remédio milagroso.
Qui iguaimente poderoso,
a banha do tejo, é.
Qui a borra do café,
tombém tem o seu pudê.
Mêrmo pudendo dizê,
qui nisso eu me dotôrei,
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
Qui no prantío de míi,
é trêis caroço numa cova.
Qui crumatã só disova,
in água nova, meu fíi.
Qui numa noite de fríi,
mode o cabra se aquecê,
é só butá prá fêivê,
leite e tumá um copo chêi;
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ.
Purorde de Deus me fiz,
um pesquisadô silvestre.
Num sô professô nem mestre;
sô um eterno aprindiz.
Purisso é qui eu sô feliz,
rescordando o meu vivê.
A Deus...Só agradicê,
tudo o qui d’Êle ganhei,
QUANTO MAIS PENSO QUI SEI,
MAIS EU PRICISO APRENDÊ...
Autor: Roberto Coutinho da Motta
Pseudônimo Literário: Bob Motta
Da Acad. de Trovas do Rio G. do Norte
Da União Brasileira de Trovadores-UBT-RN
Do Inst. Hist. e Geog. do Rio G. do Norte
Da Comissão Norte-Riograndense de Folclore
Da Ass. dos Poetas Populares do RN
Da União dos Cord. Do RN-UNICODERN
Do Inst. Hist. e Geog. do Cariry-PB
Telefone:(0XX84) 9965-6080
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