O ABC DO COMETA!!!

O ABC DO COMETA!!!

O poema que aqui deixo transcrito é de autoria de um contemporâneo da época meu Tio Avô por nome

Joaquim Ignácio de Oliveira (Joaquim Totó) relatando a história de

Um cometa que aconteceu no ano de 1880 a exatos 144 anos,

O cometa citado era denominado por: Rosário de Maria.

ABC DO COMETA!!!

A

Apresentou-se no céu

Um sinal pelo nascente.

Temos castigo na terra,

Podemos ficar cientes.

Alto Deus da eterna glória,

Não nos mate de repente!

B

Sabemos que Deus é justo,

Sua santa lei não erra.

O sinal visto no céu,

Temos castigo na terra,

Porque vivemos no mundo

A Jesus fazendo guerra.

C

Cuidemos em oração,

E também em penitência,

Para sofrer o castigo

Humilde, com paciência.

Pois só temos um socorro:

A Divina providência.

D

Devemos tristes vivermos,

Fazendo grande reparo,

Pois bem temos por espelho

Um sinal no céu, bem claro.

Pedimos a Virgem Pura,

De nós todos, seja amparo.

E

É visível como estrela,

No céu, um grande clarão.

Um sinal tão bem ornado

Que causa admiração.

Faz tristeza, faz temor,

Faz tremer o coração.

F

Fazemos todos por nós,

Cá, neste mundo enganoso,

Para sermos perdoados

De um castigo temeroso.

Tende de nós piedade,

Deus, Divino e poderoso.

G

Glória excelsa a Deus canta

Os anjos, lá nas alturas,

Versos feitos ao Divino

Pela sagrada escritura.

Livrai-nos, Deus, do castigo,

Pelo cálice de amargura.

H

Hoje só se vê no mundo

Mofar da religião.

Não se lembram que há um Deus,

Que é Autor da redenção,

Para no dia de juízo

Julgar a mais leve ação.

I

Imaculada Senhora,

Sejais a nossa defesa,

Pedindo ao Deus Supremo,

Que é autor da natureza,

Para no tribunal Divino

Perdoar nossa fraqueza.

J

Jesus, filho de Maria,

Zeloso da redenção,

Alto Deus onipotente,

Tende de nós compaixão,

Por tanto que padecestes

Antes da ressurreição.

L

Louvemos todos contritos

A suprema majestade,

E as três pessoas distintas

Da Santíssima Trindade,

Para que nos favoreça

No reino da Divindade.

M

Maria, Senhora nossa,

Por nós todos, peça e rogue,

Como Rainha do céu,

A nós todos advogue,

Para que seu amado filho

Nossa sentença revogue.

N

Nas profundas sepulturas,

Soando um eco fatal,

A chamar as criaturas

Ao Divino tribunal.

Livrai-nos, ó Virgem Pura,

Do tentador infernal.

O

Ó mundo tão enganoso!

Quando Deus ao mundo veio,

Morreu por nós num cruzeiro

Sem da morte ter receio,

E nós, não temos temor,

De um vale de lágrimas cheio.

P

Pedimos todos perdão

Ao alto Deus Soberano,

Que nos guie com sua luz

E nos tire dos enganos

Do perigo em que vivemos

Num mundo imoral, profano.

Q

Quem não ama Deus no céu

Não crer na religião.

Quem a Deus não tem temor

Não pode ser bom cristão.

Protesta contra o sagrado

E termina na perdição.

R

Rompa-se do mundo a cegueira,

Tiremos da vista o véu,

Para que de coração

Louvemos a Deus no céu,

Porque seremos julgados

No tribunal, como réu.

S

São Pedro, do céu chaveiro,

Como vigário de Cristo,

Da cristandade senhor,

Do mundo geral ministro,

Fortificai-nos na fé,

Pelo que já temos visto.

T

Temos por certo morrer,

Passar por esta agonia.

Pedimos com contrição

Amparo, a Virgem Maria,

Para que nos favoreça

Nesse tão temente dia.

U

Ultimamente pedimos

A nossa Mãe, nos defenda,

Mude os nossos corações

Para que nos arrependa

De a Jesus ter ofendido,

Para que não nos ofenda.

V

Vamos pedir e rogar

A Virgem da Conceição,

Para que peça a seu filho

Por sua morte e paixão,

Para que nos favoreça

Nesta tão grande aflição.

X

Xoro e suspiro, por fim,

Lamento os pecados meus.

Pelos outros, não dou conta,

Cada qual cuide dos seus.

Valei-me com a vossa graça,

Misericórdia! Meu Deus!

Z

Zombam dos livros sagrados,

Caçoam da Santa Cruz.

Pedimos a Deus do céu

Que nos guie com sua luz

E nos livre do castigo,

Para sempre amém, Jesus.

~

O til é letra final,

Pois eu findei com o til.

Reconheço que estamos

Entre a pedra e o fuzil.

Deus, nos defenda da fome,

Peste e guerra no Brasil.

FIM

Feita hoje, 26 de abril de 1896,

Por Joaquim Ignácio de Oliveira

No Sítio Frutuoso, Bezerros - PE.

Ditado e decifrado

do original manuscrito por

Maria Aires da Silva e

Ivonilda Aires de Oliveira

Em 27/10/1985.

Digitado por José Arlindo de Oliveira

Em 22/11/1996.

128 anos após a composição original.

Todos os citados já estão com Deus

No Plano Superior.

Redigitado em computador e publicado

Por Carlos Alberto de Oliveira Aires

Em 23 de novembro de 2024.