ARIANO SUASSUNA! SÃO DEZ ANOS DE SAUDADE!!!

ARIANO SUASSUNA!

SÃO DEZ ANOS DE SAUDADE!!!

Peço a Deus inspiração

Para cumprir meu papel,

Ao falar de um cidadão

Em estrofes de cordel.

E o nome que vou citar

Soube bem se apresentar

Em palco, praça ou tribuna,

Alcançou bem sua meta!

Estou falando do poeta

Ariano Suassuna.

Esse cidadão honrado

Não foi de jogar confete.

Nasceu no século passado,

No ano de vinte e sete.

Afirmo em meu testemunho:

Foi em dezesseis de junho,

Em pleno mês de São João,

Que surgiu a criatura

Para dar vez à cultura

E defender o sertão!

Na antiga Parahyba,

Onde hoje é João Pessoa,

Não passou por pindaíba,

Mas a fase não foi boa.

Seu pai era o presidente

Da Província antigamente,

Num tempo tumultuado.

E, em meio a tanta revolta,

Fez a viagem sem volta,

Porque foi assassinado.

Foi assim que Ariano

Adentrou na orfandade.

Seu pai foi pra outro plano,

Deixando a dor e a saudade.

Pois veio a sorte indistinta!

Nove de outubro de trinta,

Em meio à revolução,

João Alves, covardemente,

Pelas costas, de repente,

Assassinou o Dr. João.

O Doutor João Suassuna

Pereceu precocemente,

Abrindo enorme lacuna

Na família, certamente.

A viúva, com os filhos,

Seguiram por outros trilhos,

Enfim, saíram de lá.

Encarando a realidade,

Mudaram dessa cidade

E foram pra Taperoá.

Ariano ainda estava

Na tenra infantilidade.

Pois o mesmo só contava

Com três aninhos de idade.

Com a memória ainda vaga,

Habitando a nova plaga,

Onde os sonhos infantis

Já foram se aprimorando

E, aos poucos, delineando

Os seus diversos perfis.

Pra quem nasceu pra brilhar,

Depressa o brilho se expande!

Resolveram vir morar

Na bela Campina Grande,

Por facilitar em tudo,

Na moradia, no estudo,

Essa é a realidade!

Mas depois veio Ariano

Para o solo pernambucano

Aos quinze anos de idade.

Aqui chegando, Ariano

Foi em busca da conquista

Num colégio veterano,

O Americano Batista.

Porém, a dita o conduz

Ao Colégio Oswaldo Cruz,

Com firmeza e sem engano.

Mas a sorte, noutro instante,

Indica-lhe o importante

Ginásio Pernambucano.

No ano quarenta e seis,

Ingressou na Faculdade

De Direito, onde fez

Curso sem dificuldade.

Não foi trajetória lenta,

Pois, no ano de cinquenta,

Ariano se formou.

Logo depois de formado,

Continuou seu legado

E seu viver se acelerou.

Foi lá na UFPE

Que concluiu seu estudo.

Antes, demonstrou quem é,

Expondo bom conteúdo.

Com a ação que lhe fez jus,

Pois, lá na Oswaldo Cruz,

Criou a obra importante,

Deixando muito felizes

Os atores e atrizes

Com o Teatro do Estudante.

Mas esse honrado senhor

Só obteve conquista.

Foi dramaturgo, escritor,

Foi poeta, romancista.

Foi muito além do contrato!

Ariano foi, de fato,

Esplêndido, fenomenal.

Mas, pra não fugir do clima,

Deixou como obra-prima

O Movimento Armorial.

A sua escrita primeira,

De fato, foi um escol,

Trata da mulher guerreira

Que era Vestida de Sol.

Depois, O Rico Avarento.

Mas a que foi cem por cento

De sucesso em sua vida

Foi numa feliz manobra,

Em que foi lançada a obra

O Auto da Compadecida.

Na “Pedra do Reino” eu vejo

Uma obra primorosa.

Analisando o traquejo,

É mais que maravilhosa.

Desde o segundo milênio,

Ariano foi um gênio

Da escrita e da poesia,

Um exímio nordestino

Que cumpriu bem seu destino

E nos encheu de alegria.

Sua esposa e companheira

Foi Zélia de Andrade Lima,

Que, durante a vida inteira,

Se ajustou bem ao seu clima.

Além da grande paixão,

Foi fonte de inspiração,

Foi seu rumo e diretriz.

E esse casal tão ativo

Sempre teve um bom motivo

Pra ser feliz, bem feliz.

Foram só cinco os seus filhos,

Selando esse grande amor.

E, além de acender os brilhos,

Deu à vida outro sabor.

Sem conter transtorno ou falha,

Nada na vida atrapalha.

Esse casal tão bacana

Que criou com alegria

A Izabel, a Maria,

Manoel, Mariana e Ana.

Mas o tempo é implacável,

Aos poucos tudo devora.

Nosso estro admirável,

Há dez anos, foi embora.

Julho foi o triste mês,

A data foi vinte e três,

Ano quatorze! É verdade.

E, pra nosso desengano,

Do grande mestre Ariano

Resta o legado: saudade.

Carlos Aires

Carpina PE.

25/07/2024