UM CONTO DE(S)FADAS
E viveram felizes para sempre...
Até o dia vinte e três de março
Quando chegou a primeira parcela
Da hipoteca do enorme palácio
Venderam as jóias e os belos cavalos
E abriram mão de toda a bonança
Ergueram um barraco no alto do morro
Com todo o dinheiro da velha poupança
Com o mirrado salário do príncipe
Dez filhos não podiam manter
E o nome, um dia gravado na espada,
Agora constava no SPC
A bela princesa então começou
A relembrar os mais loucos fatos
Que fizeram o reino encantado
Virar de vez de cabeça pra baixo:
Por formação de quadrilha e roubo
Prenderam os sete anões em flagrante
O Mestre organizava todo o esquema.
(Zangado abandonou uma gestante).
João e Maria hoje vivem distantes
Depois que o irmão a fez de refém
Maria vive a fazer faxinas
João cumpre pena na febém
A velha bruxa já eleita senadora
Tenta agora concorrer à presidência
Enquanto a Rainha pena todo mês
Nas filas mais longas da previdência
Mas o Príncipe e a jovem Princesa
Ainda sonham com a velha lembrança
Dos tempos mágicos com que já viveram
E com que também sonha toda criança
Só não sabem que contos de fadas
É a maior mentira que já existiu
Nessa terra de ladrões poliglotas
De um belo Reino chamado Brasil
(10/01/08)