CENAS SERTANEJAS!!!

Uma cobra serpenteia

A procura de alimento,

Um pangaré, um jumento,

Uma aranha em sua teia,

Um calango na areia,

Uma raposa, um tatu,

Furão, preá e teiú,

Um campônio, uma matuta,

Um concriz belisca a fruta,

De um pé de mandacaru!

Vê-se um boi manso atrelado

Ao cambão de uma carroça,

Um tabaréu da mão grossa

Trabalhando no roçado,

Um burro, puxando o arado,

Fazendo sulco no chão,

A graúna o azulão,

O sabiá laranjeira,

Uma lata na biqueira,

Isso é coisa do sertão.

Um carro de bois bem lento

Por uma junta e puxado,

De ração vem carregado,

Ecoando seu lamento,

Camaleão, papa-vento,

Punaré, preá, mocó,

Saguim, cobra de cipó,

Galinha, guiné, capão,

Pra almoçar, tem pirão,

De buchada ou mocotó.

Uma cangalha, uma sela,

Balaios de japecanga,

Um galo velho, uma franga,

Uma velha na janela,

Um cevado na gamela

Degustando a refeição,

Perneiras, chapéu, gibão,

Pendurados num cambito,

Aos poucos deixo descrito

Essas cenas do sertão.

O matuto faz morada

Num rancho de barro e palha,

Na mobília só tem tralha

De luxo, ali não tem nada,

Foice, estrovenga e enxada,

Tamboretes junto a mesa,

Uma lamparina acesa,

E num canto de parede

Tem uma esteira e uma rede

Pra o campônio e a camponesa.

As coisas aqui descritas

São verdadeiras, reais,

Vividas nos carrascais,

Das brenhas tão esquisitas,

As paisagens são bonitas,

Atraentes, benfazejas,

Ô da cidade? Se almejas,

Conhecer esse lugar

Vem depressa apreciar

Essas “Cenas Sertanejas”!

Carlos Aires

15/05/2024