Segredos do Tempo
O tempo não tem pressa, isso eu sei.
Nem tão pouco esconde seu valor
As marcas de alegria ou de dor
São os rastros na estrada que andei
Regados nas lágrimas que chorei
Dá um livro, escrever minha história
Com o espaço lotado na memória
Meu desejo nem em sonho acontece
O segredo do tempo aborrece
A quem perde o prumo da trajetória
Na infância, maior parte é inocência
Dois caminhos por certo se apresentam
Os sonhos ilusórios se ostentam
E focamos no pedal da influência
Na estrada se destrói a competência
As curvas nos empurram pra escória
Nessa vida onde a parte ilusória
Mostra como o sujeito envelhece
O segredo do tempo aborrece
A quem perde o prumo da trajetória
Um caminho obscuro no início
Assim que a vida então começa
Correr não precisa e nem ter pressa
Para não desabar no precipício
A labuta não nega o sacrifício
Mas a curva sinuosa é provisória
Na estrada com medida aleatória
Tem um túnel que a vista escurece
O segredo do tempo aborrece
A quem perde o prumo da trajetória
Lá se foram meus sonhos pelo ralo
O destino levou não devolveu
Quem ficou fez questão de ser só meu
Levo um peso ajustado pra cavalo
Nos meus ombros só restam dor e calo,
E resquícios dos sonhos duma glória
Para ele dou a mão a palmatória
Controla tudo e não se envaidece
O segredo do tempo aborrece
A quem perde o prumo da trajetória
Sem idade pra mostrar seus segredos
O tempo se encarrega de impor
Quem cai no seu conto sente a dor
Com os sonhos perdidos entre os dedos
Sem direito o resgate dos torpedos
Da infância de outrora meritória
O declínio é a parte somatória
E a alma de tristeza desvanece
O segredo do tempo aborrece
A quem perde o prumo da trajetória