O QUE É RUIM PROS OUTROS, É SOLUÇÃO PARA ALGUNS
Sorte ou azar eu não sei
Qual dos dois que prevalece
O que ocorre na vida
Do jeito que a lida tece
O castigo so castiga
Aquele que bem merece
Quem tem sorte, sorte ganha
Ganha quem sorte tiver
Mas e o azar quando azara
Cabe ou coube a quem puder
Azar ou sorte não existe
Acredite se bem quiser.
Esse cordel trás a baila
Algumas comparações
Narrando com um gracejo
Para chamar as atenções
De perceber que só depende
De atitudes e ações
Pra tudo no mundo tem
Peso tamanho e medida
Uns sofrem outros riem
Seguindo assim na lida
E enquanto a morte não chega
Vamos celebram a vida
Quem vive da miséria alheia
É toda essa humanidade
Tem uns que vivem pro bem
Em de alguma maldade
É com a desgraça alheia
Que alguém vive de verdade
O urubu pra sobreviver
Não tem medo nem preguiça
Quando encontra quem morreu
Exerce então sua justiça
Encontrando algo sem vida
Pra ele tudo é carniça
Se no homem a fome aperta
Ele corre e vai comprar
Chega num supermercado
Preço aumenta pra danar
E cada coisinha que compra
Lucra quem vive a explorar
Eu sei que dá até medo
Encarar a registradora
O dono daquele comércio
Tem a vida promissora
De tanto fazer do pobre
Sua fonte lucradora
É pela cara do freguês
A tabela em vigência
Digo isso e assim comprovo
Porque tenho experiência
Pra ser logrado o coitado
Paga cara indulgência
No buteco e no açougue
Na farmácia e no mercado
Na feira livre na quitanda
Nosso povo é usurpado
E os donos abrem risos
Matando o pobre coitado
Mas de uma coisa é certa
Não tem a quem reclamar
Por mais o povo labute
Para um tostão ganhar
Terá sempre um esperto
Disposto a te enganar
Se tomar dinheiro a juros
Nas chamadas FINANCEIRAS
Quem empresta dez e cobra trinta
Não caia nessas ratoeiras
Se não tu venderás tua cama
E dormirás numas esteiras
O meu saudoso e velho pai
A todo instante dizia
Com suas frases poéticas
Carregada de simpatia
Olhe se não fosse o besta
O Sabido não vivia
Para que alguém ganhe
Outro alguém tem que perder
Á venda a troca e a compra
Que faz tudo acontecer
Na matemática do destino
Vale mais que tem saber
Vejam se não é assim
Que gira a nossa vivência
Uns matando outros morrendo
Seguindo nessa cadência
Em breve serás enganado
Aguarde com paciência
Desde que o mundo é mundo
Nossa vida é sempre assim
Se a coisa pra ti tá péssima
Pra outro não tá ruim
E assim essa certeza
Jamais terá o seu fim
Na vida tudo acontece
Nada aqui é tão leal
Pois a Lei da compensação
Ocorre assim e afinal
E para que exista o bem
É necessário ter o mal
Um Doutor pra se dar bem
E viver alegremente
Ele precisa encarar
Sua profissão de frente
Para que viva sadio
Alguém tem que ficar doente
Outra profissão ingrata
É a do amigo coveiro
Cava cova funda ou rasa
Batalhando o ano inteiro
Mas pra ele ser feliz
Alguém tem que morrer primeiro
A polícia também vive
Preocupada a todo segundo
Tem uns que são bem marrudos
E é assim em todo o mundo
Mas pra que ele serviria
Se não fosse o vagabundo?
Todo carcereiro tem
Uma cara muito feia
Mas o que seria dele
Se pra garantir a ceia
Não houvessem condenados
Pra guardar numa cadeia?
E o Bacharel Advogado
O cabra tenha ou não razão
É ele sim quem liberta
Um infrator em questão
Usando suas habilidades
Tira o preso da prisão
O Juiz que dá a sentença
Faz isso até de bom grado
Pois pra se dar bem na vida
Veja aqui o resultado
Alguém tem que matar alguém
Pra por ele ser condenado
Psicólogos psiquiatras
Analistas avaliadores
Que mexem com a mente humana
Não teriam alguns valores
Se não fossem os malucos
Que lhes contassem suas dores
Quando cai muro ou casa
O pedreiro é chamado
É ali que ele tem chance
De ganhar algum trocado
Depois é que ele vai chorar
Quando recebe o combinado
O Profissional funileiro
Muitas vezes inseguro
Lamenta e sempre reclama
Esse mês tô liso e duro
Ele não ganha se um carro
Não se espatifar num muro
O mecânico fica feliz
E fica muito agraciado
Quando alguém lhe procura
E diz que tá todo enrolado
Ta no meio de um deserto
Com o seu carro quebrado
Ele pega as ferramentas
Feliz segue a cantar
E já diz: MULHER Á FEIRA
Tá garantida é só esperar
Vou tirar alguém do prego
E uns trocados vou ganhar
O pintor de carro diz
Hoje não tenho freguês
Os carros não batem mais
Será possível Santa Inês
Se não entrar ninguém aqui
Baixo as portas de uma vez
O Estelionatário
Não vive praticando o bem
O agiota ganancioso
Segue o mesmo dom também
Estão prontos pra arruinar
Com a vida de alguém
Tem gente que se aproveita
Da situação alheia
Mente trai mata engana
No seu irmão dá uma peia
E oferece propina
Se acaso vai pra cadeia
O padre não é casado
Mas ao povo casar
Ele não quer ter família
Mas vive a aconselhar
Que o homem tem que ser fiel
E nunca pensar em separar
Mas diz isso porque não paga
Água luz nem aluguel
Roupa comida combustível
Todo gasto vai pro papel
Quem paga é a diocese
Que clama o reino do céu
É verdade ou não é
Que a vida é uma enganação
Todos querem levar vantagem
Em qualquer situação
O que vale é o lucro
E que se lasque a comoção
Se gostou desse cordel
Espalhe aí por bondade
Se não eu não faço feira
Nem me alimento de verdade
Se vai ler não me interessa
Compre e pague sem maldade
Eis aqui a narrativa
Da pura realidade
Quem vive da desgraça alheia
Não vive com lealdade
E quem engana é pior
Sua vida é de falsidade
Mas se não fosse uma lágrima
O que seria do sorriso
Se não fosse o inferno
Não se cria no paraíso
Mas ajude e seja leal
Faça o bem quando preciso
Ajude acolha e não maltrate
Todos nós somos iguais
Filhos de um mesmo Deus
Capazes e muito mais
De praticarmos o bem
Pois somos todos racionais