Foi nas asas do Pavão que se fez a poesia w
LITERATURA DE CORDEL
Por: Carlos Silva
Eu vou recontar uma história
De um pavão misterioso
Assim começa a narrativa
Desse romance grandioso
Que teve muitas controvérsias
E muito fato duvidoso.
Mas o que importa mesmo
É que vamos celebrar
Os cem anos desse cordel
Que muito deu o que falar
E agora então eu passo
Com orgulho aqui narrar
Dois irmãos ricos herdeiros
Cenário que se tem a vista
Um deles se chamava João
De sobre nome Batista
O outro atendia pelo
Nome de Evangelista.
Estes são os primeiros versos
Desse romance em cordel
Que por vezes foi escrito
Pelo saber de um Menestrel
Onde divulgar a história
Esse aqui é o meu papel.
José Camelo de Melo Rezende
Fora ele o seu autor
Do Romance em destaque
Foi ele o seu criador
E João Melchiades ferreira
Quis ser da obra o detentor
O CANTOR DA BORBOREMA
Não fez o que lhe cabia
Pois ele afirmou pro povo
Que era de sua autoria
Não dando o verdadeiro crédito
Ao criador dessa poesia
A história do Romance
Que é muito conhecida
Chega ao seu centenário
Embelezando toda a lida
Desses vates que cordelizam
Essa arte enriquecida
Na cidade de Guarabira
Foi o seu berço Natal
Ali nasceu José Camelo
Desse chão é natural
Do povoado pilãozinhos
Conta a história afinal.
Foi um poeta popular
Cantador e carpinteiro
Xilografo considerado
Naquele torrão inteiro
59 anos da morte
Desse vate brasileiro
79 anos de vida
O poeta aqui viveu
O romance do pavão
Misterioso ele escreveu
São cem anos dessa obra
Que o mundo conheceu
Veja bem meu bom amigo
Em tudo existe maldade
João Melchiades afirmava
Ser dele de bem verdade
A criação dessa obra
Cometendo uma crueldade
O fato é que os dois Dividiam a cantoria
Eram sim fieis parceiros
No mundo da poesia
Mas a obra era so dele
E a João não pertencia
De tanto ouvir a poesia
O João quis se apossar
Ele imprimiu a história
E passava a pregoar
Sendo desta seu autor
Vivendo aos outros enganar.
Seu João faz isso não
Ficou feio pra danar
Não se pode nesse mundo
Uma autoria usurpar
Mas tudo ficou provado
Com documento a comprovar
No centenário da obra
Tem muito a comemorar
É um clássico do cordel
Da nossa cultura popular
José Camelo de Melo Rezende
Tem seu nome a consagrar.
Em 1974
O nosso grande cantor
O cearense Ednardo
Na canção um construtor
O PAVAO MISTERIOZO
Ele é o seu compositor
Nas telas da Tv Globo
Se dessa mente não FAIA
Foi trilha de uma novela
Chamada SARAMANDAIA
Lançada em 76
Com Sônia Braga na raia.
Foi sucesso garantido
De grande repercussão
A novela alcançava
Grande visualização
E do povo que assistia
Prendia toda atenção.
No ano de dois mil e oito
Arievaldo Viana publicou
Uma versão juvenil
E o povo se encantou
As gravuras, Jô Oliveira
Foi ele quem ilustrou.
Prelúdio, Luzeiro, Tupynanqim
Por ali o PAVAO POUSOU
E de outras formas independentes
Em produções ele pousou
Sempre alegrando a arte
Que José Camelo criou
Hoje no seu centenário
A arte com sua postura
Trás a todos informações
Desta tão bela cultura
Que para os Menestreis
É riqueza e formosura
A nossa arte em cordel Em Patrimônio Brasileiro
Nos enche de muito orgulho
Por esse mundo inteiro
Reconhecimento sim
Por desempenho verdadeiro
O Pavão Misterioso
É rica obra de criação
É motivo de muito orgulho
Pra essa nossa nação
Que reconhece o valor
Do Mestre e sua criação
Cem anos de muita arte
Cem anos dessa poesia
Sem esquecer o poeta
Sem aceitar demagogia
Cem anos sei que virão
Sem esquecer a magia.
Obrigado de coração
A quem ama de verdade
A nossa rima em cordel
Que nos dá felicidade
De tê-la em nossas vidas
Como nossa identidade
O cordel hoje é visto
Com respeito e dignidade
Pois entra em sala de aula
E em qualquer faculdade
É ele quem direciona
Pesquisa em universidade.
Na Tv e no cinema
No teatro e na canção
Na pintura de um artista
Na revista e na emoção
Salve salve o cordel
PATRIMÔNIO DESTA NAÇÃO
Carlos Silva
Poeta - Cipó-BA