Pra morrer basta ta vivo

Pra morrer basta tá vivo

Dizia meu velho pai

Na sua visão tão sua

Da minha mente não sai

Quero ver defunto teimoso

Com o espirito raivoso

Dizer que MORRE MAS NÃO VAI.

A morte chega pra todos

E nem manda avisar

Pobre preto branco e rico

Ela um dia vem buscar

Padre, ateu, quenga e madame

Não precisa dar vexame.

E nem querer barganhar.

Piloto de avião

Amansador de cavalo

Porteiro de cabaré

Corno manso e vassalo

Empresario e empregado

Num buraco bem cavado

Seguirão no mesmo embalo.

Prefeito vereador

O politico e o safado

A rapariga inrrustida

O baitola declarado

O pastor e o fiel

Desses que vendem até o céu

Farão o mesmo traslado.

Ninguém escapa da morte

Com ela não se negocia

Propina terras mansões

Nada disso tem valia

Orgulho e ostentação

Maus tratos e humilhação

Lhe será cobrado um dia

No cemitério mais próximo

DESDE QUE POSSAM PAGAR

Vai ter coroas de flores

E bem de ti vão falar

Terá discurso e rezança

Ja vão falar da herança

Antes de lhe enterrar

A morte dará rizada

De ver tanta falsidade

Quem nunca te visitou

Distribui ali bondade

Abraça chora e grita

E com a vida se irrita

Dizendo ser crueldade.

Elogia o tal defunto

Agradece a amizade

Revelando que aquele

Que partiu pra eternidade

Vivia em seu coração

Era mais que um irmão

Em conduta e lealdade

A morte assiste a cena

Presta muita atenção

Mira o cabra de longe

Já medindo o caixão

Por ver grande falsidade

Mentira, erro e maldade

Naquele vil cidadão.

Ele Abraça a viúva

Se dispõe a AJUDAR

Diz aos filhos do falecido

Do que vocês precisar

Me procure a qual quer hora

Lhes prometo desde agora

Nao vou lhes desamparar

Num velório tem Sentimento

Lágrimas e comoção

Tem mentiras descaradas

Ditas até com emoção

Para enganar fingindo

Enganando e mentindo

Aproveitando a situação

Vendo aquela conduta

A morte olha de canto

Magote de FÉLA DA PUTA

Fingem até que estão em pranto

Da vontade de arrastar

E todos daqui levar

Parece um monte de Santo.

É hora de se fazer

A mais chorosa despedida

Enterrar logo o defunto

Pra sua triste partida

A morte ouve alguem dizer

ESSE TRASTE A MORRER

DE NADA PRESTOU PRA VIDA

Vai-te embora troço ruim

Outros irão desfrutar

O que tu tanto acumulou

Na ânsia de conquistar

De que vale teu dinheiro

Eu pobre tô aqui inteiro

E tu que vá se arrombar.

A morte dá uma rizada

Admirando o ocorrido

Se pudesse inverteria

O cabra morto escolhido

Mudaria o defunto

E levaria esse presunto

Que ao morto tinha ofendido

Pra morrer basta ta vivo

É o titulo do cordel

A pessoa quando morre

Seja doutor ou coronel

Terá seu descanso eterno

Na terra ou no inferno

Quiçá bem longe do céu.

Em construção 🚧

Carlos Silva

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 15/11/2023
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