AS CORES NO MUNDO DE LÚCIA EM CORDEL

Baseado na obra de Jorge Fernando dos Santos

1

Lúcia é semelhante a luz

Sendo um nome iluminado

Também chamada Luzia

Luce e Lucélia igualada

Luciana e Lucineia

São de Lúcia derivados.

2

Santa Lúcia ou Luzia

Conforme nos mostram os dados

A virgem siciliana

Teve os olhos arrancados

Foi ela martirizada

Pelos romanos armados.

3

Conheci uma garota

Tinha um jeito divertido

Diferente das crianças

Que eu havia conhecido

Se interessava por tudo

Do seu jeito extrovertido.

4

Ela se chamava Lúcia

Muito comunicativa

Para celebrar a vida

Vivia de forma ativa

Como um presente de Deus

Tinha essa perspectiva.

5

Lúcia gostava de música

Se distraía e atina

Ao belo canto dos pássaros

Tocando as flores se afina

Com o perfume das frutas

Da quitanda da esquina.

6

Lúcia conhecia as cores

Sempre se encantava mais

Contemplando o arco-íris

Como todo mundo faz

Ela assim admirava

Cada dia mais e mais.

7

Como alguém que aprecia

Tocando e dando valor

Uma caixa recheada

Com vários lápis de cor

Ela expressava o encanto

Dando as cores seu vigor.

8

O branco era para Lúcia

Cor que chamava atenção

Quando dobrava um papel

Ou um maço de algodão

O branco lhe parecia

Um giz que escreve a lição.

9

Ela até sentia o gosto

Dessa cor sem precisão

Variando a acidez

Do sal nessa relação

Com o doce enjoativo

Das balas em comparação.

10

Indo de um extremo a outro

Na escala dos sabores

E o branco ia sendo visto

Como a mistura das cores

Mudando as temperaturas

Cada uma aos seus sensores.

11

Na semelhança da areia

Da praia que Lúcia andava

Descalça durante as férias

Ela outra vez comparava

Ao leite quente ou sorvete

De baunilha que tomava.

12

Para Lúcia o branco tinha

Um aroma adocicado

Da flor jabuticabeira

Do seu jardim bem cuidado

Que se vestia de noiva

No primaveril chegado.

13

As flores disseram muito

Por serem tão delicadas

Uma orquestra de abelhas

Fazia as sonorizadas

Alegrando seus ouvidos

Um som branco, comparadas.

14

Lúcia sabia de cor

A cor verde aveludado

Igual a folha do musgo

Ou ao liso envernizado

Brincava tocando as folhas

Assim era comparado.

15

Sentiu que o verde queimava

Semelhante a uma brasa

Tocando a lagarta fogo

Que a folha se assemelhava

Depois entrava em casulo

Borboleta se tornava.

16

Mais tarde Lúcia aprendeu

Que o verde varia a cor

Do limão à hortelã

No suco que ela tomou

Passando pelo verão

Provando em pleno calor.

17

E sendo verde também

Seu vestido preferido

Feito de cambrai e seda

Um presente recebido

Tinha o som dos parabéns

Que a vó tinha concedido.

18

Lúcia descobriu que o verde

Tinha laranja na cor

Antes de ficar laranja

A fruta cítrica um sabor

Tendo em semelhança um caldo

Se alaranjado for.

19

Como os olhos distraídos

Dos adultos comparava

Embora ela gostasse

Do suco quando provava

Ou o doce de laranja

Que a vó paterna lhe dava.

20

Era esse um dos motivos

Que lhe levava a gostar

Passar férias na Fazenda

Naquele lindo lugar

Aonde os pais de seu pai

Viviam ali a morar.

21

Ao cantar do galo índio

De cor branca alaranjada

Anunciava a manhã

No início da alvorada

Ficava o céu cor laranja

Depois com cor azulada.

22

Lúcia aprendeu com a mãe

Que o céu tinha no olhar

Um azul bem diferente

Das que podia tocar

Como azul-anil escuro

Das profundezas do mar.

23

Por isso as ondas da praia

Batiam forte e normal

Estrondando um som redondo

Espumando natural

E a espuma branca tinha

Um forte sabor de sal.

24

O azul marinho tinha

Sabor das balas de anis

Mas entre as cores que Lúcia

Conhecia os seus perfis

A que mais lhe intrigava

Era o vermelho que diz.

25

Tinha o sabor do batom

Que a sua mãe botava

Bem como da camisola

De seda que a mãe usava

As vezes também ardia

Tal pimenta que provava.

26

No vermelho descobriu

Que do sangue tinha a cor

E quando tomava o suco

Morango ou outro sabor

Pensava ter se tornado

Menina-vampiro horror.

27

Lúcia chegava a pensar

Nas histórias de terror

E com a cara amarelada

Ela ficava a se por

Quando ela estava com fome

Ficava assim dessa cor.

28

Isso porque certa vez

Se sentiu desanimada

Preguiça de ir à escola

E depois de examinada

Disse o médico é anemia

Está muito amarelada.

29

Foi essa a primeira vez

Que ouviu falar desta cor

Disse vagarosamente

Vibrando a língua sem dor

Tocando os dentes da frente

E o céu da boca a se opor.

30

Chegava a fazer cócega

Com esta cor a falar

Repetiu por várias vezes

A-ma-reee-lo e sem parar

A-ma-reee-lo e até queria

Outra moda inventar.

31

Amarelo tinha a cor

Quando a banana é madura

Sendo que é branca por dentro

Como a pasta quando é pura

A qual se escova os dentes

Que tem a mesma brancura.

32

Lúcia ficou curiosa

Pra descobrir o sabor

Daquela cor radiante

Do ouro e o sol esplendor

Descobriu provando pêssego

Que sua mãe preparou.

33

Amarelo tinha o cheiro

Da fruta manga que havia

No sítio de seus avós

E ao canário-belga alia

Que cantava engaiolado

Do vizinho que vivia.

34

Assim pouco a pouco Lúcia

O mistério a desvendar

Da natureza das cores

Pelos sentidos a provar

Olfato, tato e visão

Audição e paladar.

35

Tendo Lúcia descoberto

Tudo o que parece ser

Certo o dia o jardineiro

De sua casa a dizer

Há rosas brancas e vermelhas

E amarelas pra ver.

36

E pouco a pouco aprendeu

Lúcia a diferenciá-las

Pela maciez das pétalas

Pelo tamanho ao tocá-las

E pelo perfume das rosas

Que ela sentia ao cheirá-las.

37

A rosa vermelha escura

Rosa negra era chamada

Por ser assim dessa cor

Sendo muito admirada

Era a cor da sua pele

Era assim assemelhada.

38

Lúcia ficou boquiaberta

Quando lidou com a cor

Na sua primeira vez

Logo as mãos no rosto a por

Braços erguidos descobriu

O quanto se encontrou.

39

O jardineiro informou

Entre tantas cores belas

Que também ele era negro

Como o céu se encapela

Durante a noite escurece

Mostrando a luz das estrelas.

40

Lúcia ali já quis saber

De mais negro aos arredores

E o jardineiro lhe deu

Jabuticabas e os sabores

Tal sorvete de baunilha

Como a mistura das cores.

Thiago Alves

A Arte de Thiago Alves
Enviado por A Arte de Thiago Alves em 27/09/2023
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