NÃO PRECISA USAR LUTO
I
A minha ausência marcada
Por todas as circunstâncias
Maltrata-me a esperança
Dantes no peito guardada
Meu trafegar nesta estrada
Pra coletar esse fruto
Incentiva-me ao cultivo
Por quanto ainda estou vivo
Não precisa usar luto.
II
Às vezes até me transmuto
Pra não perder a ilusão
Arrebento o coração
Com meu desejar matuto
Meu diamante moreno
Vale mais que ouro bruto
Escute o meu grito altivo
Porque ainda estou vivo
Não precisa usar luto.
III
O seu amor que degluto
Me sustem por muitos dias
As minhas horas vazias
Pela falta de teu vulto
Desgasta-me sem limite
Meu gostar absoluto
Por ti me torno cativo
Porque ainda estou vivo
Não precisa usar luto.
IV
Nas alças do viaduto
Que nos traz interligados
Nós ficamos debruçados
Na preparação do culto
O teu olhar acelera
Meu coração num insulto
Você é um forte motivo
Porque ainda estou vivo
Não precisa usar luto.
"Thiago Alves"