É DESSE JEITO QUE EU SOU

Respiro noite e dia

Com o ar que vem do céu

Inalando a poesia

Da ponta do pé ao chapéu

Afirmando minha postura

Eu sou amante da cultura

De um livreto de cordel

Eu nasci pra fazer rima

Este será meu legado

Costurando em retalho

O que aprendi no passado

Rima rica ou rima pobre

Desfilo meu verso nobre

Nem que seja em pé quebrado

Nos dez de queixo caído

No martelo agalopado

Terceto quadra quintilha

Sextilha eu faço um bocado

Septilha ou octassilabo

Arrisco também decassílabo

Pra versar tô preparado

Nem Confúcio nem Pitágoras

Nem Newton e nem Prometeu

Nem Cleópatra nem Arquimedes

Nem caifás e nenhum hebreu

Nem Mao tsetung ou Madalena

Nenhum cateto ou teorema

É mais forte que um verso meu.

Sou fogo na ribanceira

Lasca de pedra polida

Sou toco de Baraúna

Esturro de onça parida

Eu sou a lua menstruada

Sou o estouro da boiada

Mato a morte com a vida

Sou o sangue de Virgulino

Feroz que nem javali

Amanssador de corno manso

Espinhoso igual pequi

Não sou cabra de manobra

Durmo dentro de uma cobra

Bem maior que a sucuri

Eu sou barranco que tora

Levado na enxurrada

Sou pior que tsunami

Lascando ponte e estrada

E de nada eu sou temente

Se vai tremer saia da frente

Resto de coisa estragada

Eu sou o ronco do vento

O Papoco de um vulcão

A tremedeira da terra

Sacudindo em convulsão

Corto a linha do Equador

Derrubo seja o que for

De acordo a inspiração

É por isso que me chamam

"Cascavel do letramento"

Rimo até debaixo D'agua

Sentado num pé de vento

Em cada rima que eu faço

Do céu arranco um pedaço

Pra afirmar o meu talento

Já fiz cem trovador correr

Na peleja de um repente

Violeiro quebrou corda

Repentista ficou demente

Embolador perdeu o verso

Eu sacudir o universo

Deixei poeta descontente.

Se quiser saber quem sou

Pegue um trem para Pequim

Antes passe em Bagdá

Depois siga pra Berlim

Na Tunísia ou na Espanha

Em Paris ou Grã-Bretanha

Alguém te falará de mim.

Pois fique você sabendo

Pé de calça e rabo de saia

Se vier desafiar-me

Nessa onda então não caia

Pois daqui até o Japão

Os teu ouvidos arderão

Por cem anos ouvindo vaia.

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02.12.2020

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 20/08/2023
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