MORTE E VIDA SEVERINA "Da obra de João Cabral de Melo Neto".

Munido de carabina

Vida e morte Severina

Vinda de um seco sertão

Esperança sem medida

Gota de fé combalida

Num caminho sem direção

È assim o seu destino

nesse solo nordestino

onde a vida foi cruel

Mas cantava o repentista

Escrevia o cordelista

Belos versos de cordel

Juliano apressado

Caminhava agoniado

Dona Vitória a dizer

Por favor mantenha a calma

Se não morre inté a alma

Sem poder sobreviver

Os meninos e baleia

Achava a vida tão feia

Depois que o lôro partiu

A fome lançou a sorte

Trouxe a vida quem na morte

Ali mesmo sucumbiu

Terra quente sem ver chuva

Nem pegadas de saúva

Passeando pelo chão

Triste vida severina

Sem orvalho nem neblina

Pra molhar nosso sertão

Melhor seria se a morte

Com sua foice de corte

Viesse a todos buscar

Acabaria o sofrimento

Fome frio morte tormento

Logo iria se acabar.

Mas pra cumprir essa sina

VIDA E MORTE SEVERINA

Foi uma realidade

Em cova rasa enterrava

Muita vida se acabava

Num sertão da crueldade

João Cabral escreveu

Depois que tudo se deu

Com a família tão sofrida

Cada passo uma esperança

Ou um fim sem ver mudança

Tudo se perdeu na lida

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 12/07/2023
Reeditado em 14/07/2023
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