QUAIQUER COISA QUE EU QUEIRA DIZER - Gracejo matuto

Eita que palavreado

Cagente pode falar

Bafo de boca, gambá

Combói de cabra safado.

-Oh! Cabra véi derrubado

Oiáda quarenta e três

As cundição do freguez

Um lenço todo mijado!

- Pade, perdoi os pecado

Desse caba bom de pêia?

Uma ferida na sarneia

Um jumento iscambriado.

Chapéu de paia furado

Aiguia de custureira

- Laigue de dizê besteira

- Tô ficano abufelado.

Par de ôvo machucado

Alicate de vaquêro

Pavi de candeeiro

Catráia, isculhambado.

Puta safada, viado

Bicha louca magricela

Inxirida, amarela

Cão côxo iscrafunxado.

- laigue de sêamostrado

Sabugo de limpá cú!

Osso véi de mucumbu

Mulequim fei de recado.

Um micôco distampado

Magote de puta doida

Cabrita quando indóida

Pescoço mago chupado.

Difunto morto afogado

Um ri bufano de chêi

Um ano de aperrêi

Cunvessa é papo furado.

Analfabeto inletrado

- Era agora o que faltava

Uns dois dedim só bastava

Bizerro véi dirmamado.

Um nariz arribitado

Merda mole amarela

A boca muxa e banguela

Suvaco de alejado.

Alí é fogo cruzado

Num vale nem um vintém

O serrote vai-e-vem

Num vale um vintém furado.

Véi no batente cansado

Ruzaro de rezadêra

A rizada da cavêra

- ôh! Medo amaldiçoado!

Côco de roda cantado

- Tá ca bixiga serena!

Nove terço na novena

Buxudim amarelado.

Um caba dizassombrado

Cangáia, cultivado

- foi ela quem se lascô

Cus puim da rede torado.

- Foi tapa pra todo o lado!

- Terminô quebrano a cara!

- Tu quere dá coro a vara

Sujeito malinjoicado?

Bague de jaca chupado

Vara fina de caniço

Tumô vira panadisso

- Cumigo apanha dobrado.

Puema doido e rimado

Fila da puta de bom

Rolo de fumo e batom

Arroi cum mí minsturado.

Já dixe meu inlinhado

Num dixe droga nenhuma

Pode vê de uma em uma

Num vale aquilo interrado.

Tô ficano injuriado

Eu vô pará puraqui

Proque o que eu dixe aqui

Me dexô abufelado.

Thiago Alves

A Arte de Thiago Alves
Enviado por A Arte de Thiago Alves em 09/05/2023
Código do texto: T7784286
Classificação de conteúdo: seguro