AS VEZES SOU O QUE SOU
I
Pois veja mesmo quem sou
Sou o nada e sou alguém
Sou o dólar e sou vintém
Sou o ouro e sou latão
Sou Real e sou Cruzeiro
Sou nativo e estrangeiro
Sou o céu e sou o chão
Sou o monte e sou o vale
Sou a folha e sou o caule
Sou o fraco e sou Sansão.
II
Sou o raio e sou trovão
Sou a tora e o graveto
Sou a carne e sou espeto
Sou a lenha e sou carvão
Sou vaqueiro e barbatão
Sou matuto e sou doutor
Sou político e eleitor
Sou voto errado e certeiro
Sou palhaço e picadeiro
Sou platéia e sou ator.
III
Sou real sou sonhador
Sou cesta básica e salário
Sou dias e sou calendário
Sou sono e despertador
Sou lida e trabalhador
Sou panela e sou fogão
Sou a fome e sou o pão
Sou o leite e sou o filho
Sou a arma e sou gatilho
Sou eu a voz de prisão.
IV
Sou agonia e razão
Sou liberdade e algema
Sou Governo e sou Sistema
Sou a lei e sou confusão
Sou a arma e sou a mão
Sou a pancada e a dor
Sou a farda e o despudor
Sou consciência e desmaio
Sou desculpa e sou ensaio
Sou vítima e sou agressor.
V
Sou correto e infrator
Sou inocente e culpado
Sou testemunha e jurado
Sou processo e relator
Sou defesa e promotor
Sou voz e sou audição
Sou a caneta e a mão
Sou o juiz e a sentença
Sou justiça e penitência
Sou carcereiro e prisão.
VI
Sou o erro e a razão
Sou a causa e o efeito
Sou a dor e sou o peito
Sou mente e sou coração
Sou rebelde e contrição
Sou o santo e o altar
EU SOU quem faço soltar
E dou absolvição.
Thiago Alves