QUANDO A VOZ DO CANTAR SE CALA
Houve um tempo em que eu achei
Que o mundo era poesia
Que tudo que a gente cantava
Tocava ou escrevia
Um dia pro nosso povo
Talvez prevaleceria
Musicas são mais de 200
Compostas falando de gente
De sertão da vida e do povo
De forma tão envolvente
Mas cansei e recuei
De modo inteligente
Eu não quero mais dizer
O que tanto tentei falar
Através da arte escrita
Ou da forma de cantar
Tudo passo e fui passando
O espaço outro ocupar
Aplausos já me perturbam
Elogios cansei de ouvir
Vou seguindo outros rumos
Pois quando um dia eu partir
Dessa terra saberão
Desse meu nobre existir
Aos amigos me perdoem
Por essa minha decisão
Mas quando o calo aperta
Muda uma situação
Vou guardar os versos feitos
As rimas e o meu violão
Adeus mundo das cantigas
Dos versos cantos e prosas
Nem tudo é colorido
Pois tem cores perigosas
Me despeço afirmando
Nem tudo é um mar de rosas
Que se apaguem as luzes
Os contratos imperfeitos
O monte de aproveitadores
Se amostrando tão perfeitos
Pois dos sonhos que hoje restam
Foram mais que imperfeitos.
Bate as asas avuador
Vais pousar em outro ninho
Seguindo novas estradas
Traçando outro caminho
Tudo nessa vida passou
Quando se sente sozinho
Torei no canto da rima
Emendei meu verso torto
Deixo-vos aqui alegres
No meu dizer absorto
Mas o verso inspirado
Jamais o terei como morto
Por hora tô indo embora
Té logo e inté outro dia
Deixo por aí espalhado
Meu versar em cantoria
Foi o que mais me deu prazer
Enchendo-me de alegria
Radios TVs e prefeituras
Empresários e enganadores
Traficantes usurpadores
De poetas ou de cantores
São esses tais profissionais
Dos sonhos, destruidores
Sem contrato e sem grana
Como vive um artista?
Esses cá fora de mídia
Que ouvem dizer: NÃO DESISTA
Despedem-se e vão-se embora
Sem ver o gosto da conquista.
EM CONSTRUÇÃO