SAUDADES AFÁVEIS!!!

Sinto saudades afáveis

Do Pé de Serra querido

O solo em que fui nascido

Em meio aos carrascais

Dos raios incandescentes

Do Sol ao romper d’aurora

De ouvir na silente hora

Os pássaros, em madrigais.

De ouvir o soar suave

Do vento quando passava

E a brisa mansa soprava

A relva vasta e macia

Sentia o cheiro das flores

Perfumando o ambiente

No brilhar do sol nascente

Hora em que a paz contagia.

Na noite calma e amena

Centenas de vagalumes

Vagueavam com seus lumes

Em cintilantes centelhas

Nas manhãs ensolaradas

As florezinhas singelas

Expunham as aquarelas

Dando o pólen pras abelhas.

Na lagoa pequenina

Os sapos em algazarra

Numa enlouquecida farra

Louvando o fim do verão

Quando as cigarras cantantes

Faziam seus alaridos

E um bando de anus sentidos

Chorava em lamentação.

Que saudade das palmeiras

Com as palhas balançantes

Das baraúnas gigantes

E dos muitos umbuzeiros

Dos pés de angico frondosos

Das aroeiras copadas

Das sombras tão arejadas

Nas frondes dos juazeiros.

Saudade da quixabeira

Ao lado da moradia

Transformada a cada dia

Em palco de encenação

Onde davam-se os ensaios

Das mais inocentes cenas

Vividas de formas plenas

Por mim e por meu irmão.

Enfim nessa terra amada

Onde está minha raiz

Tive uma infância feliz

Que não esqueço jamais

Dos rumos da minha vida

Ali tracei cada plano

Convivendo com meu mano

Minhas manas e meus pais.

As fotos apresentadas

São antigas, não recentes

As manas adolescentes

No florir da mocidade

Porém, em mim e em meu mano

A criancice reflete!

Pois ele estava com sete

E eu, com seis anos de idade.

Mas a vassoura do tempo

Nos deu severas varridas

Levando das nossas vidas

A mais tenra mocidade

Dessa família mimosa

Só existem três viventes

Três manas já estão ausentes

Com meus pais na eternidade.

Carlos Aires

Carpina PE.

25/04/2023