A VELA

A melodia dos sertões é-me versos

Que têm as almas das mulheres cadenas

Que parindo a vida na alusão das rimas

Faz-se canção bem-aventuradas a voarem

Sobre essa terra de chão bruto

Onde as folhas são propiciaçoes nas monções.

E elas assim todas coloridas

Depois da anunciação torna-se milagres

Conjugando o verbo amar

Sem se esquecerem de ouvirem rezas

Para em pétalas perfumatem rios

Para que sejam seu filhos abençoados.

Parece elas serem pássaros

Diante da fábula que se fantasiam

De bordados num céu todo azul

Com o branco celeste de fadas

Que em oração se faz a música

Para a linguagem serem vestidas.

Sem o sol salgado do meio-dia

A noite vai em romaria

Rumo ao lagos das noites em sol

Para nunca deixar a sois os homens

Que lutam nas guerras mágicas das luzes

Que em chama clareiam o dourado.

Ó bem-aventuradas mulheres

Dos reinos celestes que são sombras

Que nas savanas nordestinas

A rica fauna vislumbra os espelhos

Que refletem as imagens

Dos tempos que foram estado de fotografia.

Num suave vento em brisa mansa

Podem elas se sentirem na morada das neves

Que mesmo elas sendo borboletas

Nunca deixaram o Himalaia

Só em brisa afogam-se nos prantos

Deixado nos desertos que deslizam, a montanha.

Ó mulheres, cáften chamam-nas

Belas noites quentes sem luares

Que perderam-se nos dias de chuva

Os malamados das luas estreladas

Mortos e sepultados no Niassa

Como o credo da caatinga em noites.

A vida delas são canto caiado, descalços

Sandálias que pisam a terra amarca

Pelo sofrer em cochas de retalho

A dança dos sete véus como giló

Plantado nas cabanas de palha

Em doces de veneno em amor de fel.

Elas foram paridas e esquecidas

E depois do quinze mais ainda felizes

Porque são venturas de cor púrpura

Dessa mãe terra que é abençoada

Na fauna e flora da seca que se escapa

Nos rostos sofridos em sorrisos.

Os pequenos arbustos nordestinos

Esconde essas mulheres guerreiras

Que em silêncio expressam a alegria

Pelo sofrimento da luta

Que as tomates secas

Servem para doces palavras de vencedoras.

Da violência nasceu o pânico

Onde a vitória fez-se cantos

De oferendas em todos os cantos

Abençoando as singelas melodias

Que pode conduzir a canção

Que como sinfonia se torna sintonia.

Ó gloriosa dálias, que mensagem poética

Declamam em cartazes de jornais a liberdade

Com a cobre letra da vida escrita

Num eterno livro de asas para voar

Num barco que rema na terra

O belo luzir da esperança como um céu de andorinhas.

Os dias passam ligeiro...

Nas noites se escreve o adeus

Dos tempos que o carcará matava

Donzelas eras sem a mescla da despedida

Porque todas eram reféns do sacro-santo

Agora findo na minha alvíssaras o cordel.

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 07/04/2023
Código do texto: T7758224
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