TERRA SANTA
Terra da irá dos anjos
Na terra seca de amores
Que a caatinga machuca
No cerrado de almas lascivas
Que debruçadas estão em árvores
Esperam os enamorados apaixonados.
Nessa terra de ninguém
Se houver alguém em galhos
Pode ser em sombras
Porque a árida aconia em folhas
Renasce em cada gota d'água
Uma esperança em ramalhetes.
Se morre a roça que roça o sarro
Sabe-se da aucência em botão
Que desfruta o fruto proibido
Que perpétua-se em flor
De uma terra que caminha
Por léguas de fome em jardins.
O cacto pálido de opala cai em chão bruto
Num balé que vislumbra as aves
Nas chopanas dos rios sangrentos
Onde o carcará bravo se mostra em cores
Diante dos amores que se riem
Se misturando ao suor do voo.
Nesta terra que não é savana
Nem chama-se pelo seu nome triste
Pois a vegetação rasteira
Beira na morte o grito de dor
Como o vômito em lama de aço
Que aos olhos contempla-se as lágrimas.
Em cada recanto, lugar, desse Cariri
Dessa colorida montanha
Os céus se propõe em propor
Que seja vida do alto
Para se valer a vida
Como falam do mais longe cume.
Assim, mostra-se o casal
Em lenda que não se faz mal
Porque são mochileiros
Que caminham pela terra boa
Que sois vós benditos entre as mulheres
Entre a manga verde do amor.
Se digo algo sem pensar
Sou a mentira da realidade num silenciar solitário
Quando em fantasia retrato
A fantástica irá de anjos sozinhos
Que poetizam o cordel em cantos
No rio barrento de muitas vidas.
No sol escaldante o choro minguante
No luar de estrelas em mar
De pensamentos esplendorosa
Que a rima se desfaz na correnteza
Pluralizando os finalmente
De todo não que o homem mergulha.