DIVINO

Sou o verbo metafórico

Que em silêncio sou vida

Por onde eu passo alegro

Contente estou em viver

Com minhas parábolas

Que ensino com o tempo.

Sou um livro bordado

Com pedrinhas coloridas

E linhas de fios de ouro

Que formam um arco-íris

Para o carnaval com pierrô

Sem alerquina e colombianas.

Sou a parábola da caminhada

Pelas as estradas de chão de giz

Escrito com tinta ocre

Nos papéis de cera carvão

Meu nome em veludo

Expressado num quadro negro.

Ah, como é bom ser divino!

Criar o mundo em tempo de viver

Depois procurar a morte em vida

Mostrando-se o prazer de morrer

E destruir a morte quando morrer

Sem nudez pecadora em limbo.

Miinha é a expressão da parábola

Onde está meu consolo de ninar

Quando a lua beijar o sol amarelo

Perguntando pelo canto

Num cantar que explode

Na alvorada que sonha.

Além do nu abstrato desnudo

Fiz homem e mulher um retrato

Da terra árida em céus

Sorri para o céu a imagem

Em cetro pintado pelas mãos

Quando se perde a foto.

Minha terra de vidro

Navalhas que corta

Papéis em rosa choque

Pela justiça divina de tesoura

Assustando o medo em sangue

Nesse cordel abstrato em miúdos.

Divino sempre serei

Porque sou a linguagem

Paralizada num caos

Que desnuto me lêem

Rezando por nem sei

Se o amor assim está lendo.

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 17/03/2023
Reeditado em 18/03/2023
Código do texto: T7741944
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