DIVINO
Sou o verbo metafórico
Que em silêncio sou vida
Por onde eu passo alegro
Contente estou em viver
Com minhas parábolas
Que ensino com o tempo.
Sou um livro bordado
Com pedrinhas coloridas
E linhas de fios de ouro
Que formam um arco-íris
Para o carnaval com pierrô
Sem alerquina e colombianas.
Sou a parábola da caminhada
Pelas as estradas de chão de giz
Escrito com tinta ocre
Nos papéis de cera carvão
Meu nome em veludo
Expressado num quadro negro.
Ah, como é bom ser divino!
Criar o mundo em tempo de viver
Depois procurar a morte em vida
Mostrando-se o prazer de morrer
E destruir a morte quando morrer
Sem nudez pecadora em limbo.
Miinha é a expressão da parábola
Onde está meu consolo de ninar
Quando a lua beijar o sol amarelo
Perguntando pelo canto
Num cantar que explode
Na alvorada que sonha.
Além do nu abstrato desnudo
Fiz homem e mulher um retrato
Da terra árida em céus
Sorri para o céu a imagem
Em cetro pintado pelas mãos
Quando se perde a foto.
Minha terra de vidro
Navalhas que corta
Papéis em rosa choque
Pela justiça divina de tesoura
Assustando o medo em sangue
Nesse cordel abstrato em miúdos.
Divino sempre serei
Porque sou a linguagem
Paralizada num caos
Que desnuto me lêem
Rezando por nem sei
Se o amor assim está lendo.