SABIÁ
Eles são marteres
Da morte em vida
Pela dor parida
Pelo sangue derramado
Da mãe África sofrida
Em eu tão dolorida.
A sorte a morte
Representada nós mais
Vindas de toda as partes
Mostrando o vento
Aquebantado no açoite
Da viola ilustrada.
O renascer das almas
Em chama de velas
Derretidas em sebos
Não clariava as senzalas
Por aqui dormidas
Em véus de seda rasgados.
Todos eram marteres
Pelo grito angustiante
Do pecado alado
Nas cantigas poetas
Trazidas pelos chicotes
Da mão brava em vidro.
Ó bantu, retardados de rugentas
Sois vós Mina, Quilos e Monjolos
Entre rios, mares sangrentos
Feitos de sonatas ao luar
Com Angola, Benguela e Rebolo
Pelo mesmo rosto do Congo.
Escutam o assovio dos quilombos
Fugidos das terras desse pueril
De samba pandeiro e viola
Jasmim, rosa cálida e dália
Nos campos, os vissingos
O cantar do roxinol em verde mar.
Alê pire cá zelo ei
Talvez dos quintais, varais
Da Angola e samba de roda
Num bravo cantarolar
Em iorubá, gegi e violinos
Rebelando-se dos cantares.
Ó nacio, espumas de prata
Brilho da ressaca em terra
O alado grito de agradecimento
Pela dor sofrida até o sol se por
Numa alegria sigela de amor
Onde o Orfeu Negro voou...