Filomena e os três ratinhos

Filomena muito carente

Não sentindo bem por dentro

Certeza que estava doente

Solidão era o ferimento

Pois morava solitária

Dentro de um apartamento

Pensou em comprar um bicho

Para seus dias alegrar

Um cachorro,late alto!

E o síndico vai reclamar!

Um gato, sobe no muro!

A vizinhança não vai gostar

Vou criar outros bichinhos

Pensou numa trinca de ratos

Eles não fazem barulho

Deixo numa caixa de sapato

E para Josino caçador

Encomedou os bichos do mato

Quando a encomenda chegou

Com o selo dos correios

Filo ficou muito alegre

E fez aquele arrudeio

Simpatizou com os bichos

Partindo um queijo ao meio

Até que um dia Filó

Conheceu um caminhoneiro

Que visitou sua casa

E entrou em desespero

O homem tinha medo de ratos

Para ele um desadelo

Teve uma conversa franca

Para a decisão ser tomada

Você faz sua escolha

Com calma e bem detalhada

Você quer o meu amor?

Ou criar essa ratalhada?

Sem querer perder nenhum

Filomena foi esperta

Claro que prefiro você!

Debaixo na minha coberta

E a despensa dos bichos

Amanhã cedo será certa

Sorridente o caminhoneiro

Achando que era o tal

Saiu logo bem cedo

Com uma carga para Natal

Dizendo para Filomena:

-Volto depois do Carnaval

Mas algo lá deu errado

Na carga que conduzia

Era uma carga perecível

De Tomate e melancia

Regressou em cima do rastro

Chegando no mesmo dia

Quando a buzina tocou

Em frente o apartamento

Filomena se desesperou

Tocando os ratos pra dentro

Em menos de três minutos

Virou aquele tormento

Um foi para o congelador

Sem piedade e sem pena

O outro para o fogão

Numa temperatura que queima

O terceiro sem opção

Foi para a genital de Filomena

Feliz da vida o viajante

Achando que estava a sós

Pegou sua amada esposa

Para debaixo dos lençóis

E o ratinho apavorado

Meu Deus o que será de nós!!!

Depois de tudo concluído

Os ratos pôs a conversar

Falando sobre a tragédia

Que aquilo poderia causar

Eles começaram a discutir

Qual era o pior lugar

O que ficou na geladeira

Disse: eu tive foi sorte

Ela passou na minha frente

Eu vi a danada da morte

O lugar era muito gelado

Parecia o pólo Norte

Já o outro retrucou:

Pare de falar besteira!

Eu quase morri queimado

Dentro daquela lareira

Estou com pêlos sapecados

Com as chamas da fogueira

O último respirou forte

Ainda com o corpo cremoso

Relatou sua passagem

No buraco perigoso

Um lugar de pouca luz

De início estava gostoso

Depois ouvi um barulho

De uma vidraça quebrando

Rapidamente um careca

De repente foi entrando

Para mim fazia careta

Eu também fui lhe encarando

Só tinha um olho na testa

Sem cintura e sem quadril

Pescoço muito vermelho

Cabloco estranho e sútil

Depois parou um minutinho

Cuspiu em mim e fugiu...

Mas quando olhei lá fora

Ele estava muito enrugado

Tristonho e cabisbaixo

Acho que estava envergonhado

Mesmo assim pedi licença

E de lá sair vazado...

Ivan Sousa
Enviado por Ivan Sousa em 03/03/2023
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