Quero muito ver o meu sonho crescer, Ter o amor como o gosto mais profundo
Quero eu fazer um verso leve e belo
Como quem pega a neve com a mão
Esticar minha rima num cordão
Desenhar com um ramo de marmelo
O nascer desse sol tão amarelo
E pendurar na beleza do meu mundo
Destrinchar sentimento tão fecundo
Viver sorrindo até um outro alvorecer
Quero muito ver o meu sonho crescer
Ter o amor como o gosto mais profundo
Na agilidade do meu modo escrevente
Deixarei um riso doce num papel
Traçarei no meu verso de cordel
A palavra como se fosse a semente
Que ensinasse o amor a toda gente
De qualquer canto fosse ele oriundo
Na voz e verso dum poeta vagabundo
Que exaltasse a vontade do dizer
Quero muito ver o meu sonho crescer
Ter o amor como o gosto mais profundo
Não sou monge nem letrado nem doutor
Sou das artes um perfeito curioso
Tenho sim no meu semblante tão garboso
E com carinho eu afirmo pro senhor
Sou da paz digo ao não ao opressor
Na sabença do dizer me aprofundo
E por todos os dizeres eu circundo
Procurando no meu modo de entender
Quero muito ver o meu sonho crescer
Ter o amor como o gosto mais profundo
Sou o riso do palhaço que as vezes chora
Sou o remédio que não sabe o que cura
Eu tenho a chave e você a fechadura
Que o pensamento abre e fecha sem demora
Quisera eu ter o poder de abrir agora
Mas eu confesso que até já me confundo
Vivo no ninho feito filhote galangundo
Tendo a certeza de ver um outro alvorecer
Quero muito ver o meu sonho crescer
Ter o amor como o gosto mais profundo
Se a rima é pobre ou rica não importa
O importante é que gosto de rimar
Trago trejeito da cultura popular
Como se fosse o plantio de grande horta
Que dá semente frutifica e bate a porta
Por gostar me tornei um moribundo
Arrastando o meu lamentar fecundo
Pensei na vida que até ia morrer
Quero muito ver o meu sonho crescer
Ter o amor como o gosto mais profundo