O PADRE, A HISTÓRIA E A MISSÃO
Começo este meu cordel
Pedindo a São Joaquim
Que abençoe esta caneta
E que interceda por mim
Para contar essa história
Do começo até o fim.
Contar a história de um jovem
Íntegro e determinado,
De alma pura, sempre justo
E por demais educado,
Apaixonado por tudo
Que Deus lhe tem reservado.
Em dezesseis de dezembro,
Setenta e oito foi o ano,
Nascia esse belo jovem
No interior paulistano,
Que um dia se tornaria
Pra nós, um grande baiano.
É Marcelo Marcos Silva
O nome em sua certidão,
Porém para os santanenses
Que o guardam no coração:
É Padre Marcelo Marcos,
Homem com uma missão.
Irei começar contado
De quando ele se formou:
No Colégio Edvaldo Flores
O Magistério estudou
E foi em noventa e oito
Que isso tudo começou.
Na verdade, um ano antes,
A sua tia o convidou
Para ser um catequista.
Ele de pronto aceitou
E claro, sua tia Fátima,
Alegre, comemorou.
Final de noventa e sete,
Quando estava em confissão,
Ele muito curioso
Fez ali muita questão
De lhe perguntar: - Seu Padre,
Me diga de coração...
Pois eu estou curioso:
Gostaria de saber.
Se não perguntar agora,
Não poderá responder.
Para me tornar um padre
O que tenho que fazer?
O padre Manoel disse:
- Escute com paciência.
Se estiver interessado,
Eu explico a procedência.
Vou falar com nosso bispo
E fará a experiência.
Após falar com o padre,
Com os pais foi conversar.
Um tempo de espera e angústia
Estava ali a esperar,
Pois na sua decisão
Ninguém quis acreditar.
Marcelo então se formou
No magistério sonhado
E, nesse tempo de curso,
Fez estágio acompanhado
Junto a Adriana Rodrigues
Com quem havia estudado.
Marcelo então foi morar
Com um padre por um ano,
Aprendendo no convívio,
Servir a Deus soberano.
Era aquilo que queria
Fazer no cotidiano.
Sua paixão por servir
Somente foi aumentando.
E foi em noventa e nove
Que ele acabou se mudando,
Indo para o seminário
Onde ficou estudando.
O seminário menor,
Propedêutico chamado.
(Não peça para explicar
Pois fico bem enrolado.
Vou continuar a história
E, talvez, fique explicado).
É lá nesse seminário
Que ficam os candidatos
Que querem se tornar padres,
Homens fieis e sensatos,
Vivendo em comunidade
E vivenciando os fatos.
E foi lá em Correntina
Que por um ano ficaram
Ele e outros seminaristas
Que com afinco estudaram
As disciplinas da igreja
E muito se dedicaram.
O que envolve a formação
Havia no tal lugar:
Tinha estudo, pastoral,
os momentos para orar.
Também missas e o lazer
E a hora de descansar.
No seminário maior,
Tudo é continuado:
Grande nível de saber
Logo é acrescentado.
Mas, dessa vez, em Ilhéus,
o “berço de Jorge Amado”.
É ali que os pretendentes,
Em busca à sabedoria,
Tem mais profundo contato
Com vasta filosofia.
E logo após já aprendem
Também a teologia.
Dessa forma o nosso jovem
Continuou a aprendizagem
Se dividindo entre os livros
E a belíssima paisagem.
“A princesinha do Sul”
Oferece essa vantagem.
Após sete anos de estudos,
O padre foi ordenado.
Na cidade de Santana
Tudo foi realizado.
Porém, para outra paróquia
Ele foi designado.
E foi lá em Paratinga
A primeira experiência.
Já como padre ordenado,
Partilhou sua sapiência
E ficou ali um ano
Até sua transferência.
Transferido pra Santana,
A nossa cidade amada,
Lá estava ele de volta
À sua casa adorada:
Muito mais que só um lar,
Muito mais que uma morada.
Seu amor pela missão
E também pela cidade
O fez pregar o evangelho
Com a mais pura verdade.
Não vivia para si,
E sim, pra comunidade.
E por quatro anos, assim,
Por amor e devoção,
Ensinou a todos nós
Com todo seu coração,
Tanto que suas homilias
Eram cheias de emoção.
Cada vez que ele falava
Sobre a vida de Jesus,
Que morreu por todos nós,
Pregado naquela cruz,
Era como se acendesse
Em nosso peito uma luz.
Porém em dois mil e dez,
Algo triste aconteceu:
Dom Francisco Batistela
Naquele ano faleceu.
Além de ser o seu bispo,
Era um grande amigo seu.
E o Padre Marcelo Marcos
Ficou bastante abatido,
Pois sentia muito a falta
Do seu amigo querido,
Seu pai espiritual,
Pelo qual foi acolhido.
O tempo foi se passando,
E o padre, fragilizado,
Foi deixando se abater
E ficou desanimado
E da vida de oração
Se viu um pouco afastado.
Foi assim que o nosso padre,
Movido pela tristeza,
Que abatia sua alma
E seu corpo, com certeza,
Tomou uma decisão
Que causou grande estranheza:
Tomou um tempo pra si
Pra pensar e refletir,
Talvez por não suportar
Tudo o que estava a sentir.
Da vida sacerdotal
Ele pediu pra sair.
Já algum tempo depois,
Fora da igreja, afastado,
Se uniu com uma mulher
E se viu apaixonado.
Era um sentimento novo.
Com certeza, inesperado.
Como era de se esperar,
Bastante gente o julgou,
Mas ele não deu ouvidos,
Simplesmente se jogou.
E na minha opinião,
Melhor decisão tomou.
No ano de dois mil e doze,
Formou-se então um casal:
Uma história muito linda,
Algo assim sensacional,
Mas dois mil e dezessete,
A história teve um final.
A sua separação
Foi madura e amigável,
Tanto dele como dela,
Realmente bem notável.
Por isso posso falar
Pois me sinto confortável.
Então depois de dois anos
Após a separação,
Enquanto ele trabalhava,
Refletia a vocação,
Encontrou amigos padres
Que o lembraram da missão.
Pois sabendo que ele estava
Solteiro e desimpedido,
Logo entraram em contato
E fizeram o pedido:
“Volte para o ministério
E serás bem recebido”.
Eu citarei esses padres
Aos quais a igreja é grata.
Se por acaso eu falhar,
Faço depois uma errata:
O Padre Acleto Mangueira
E o Padre Albanir da Mata.
E a Dom Luiz Flávio Cappio,
O nosso agradecimento,
Por acolher nosso amigo
Muito bem nesse momento.
Como ele, agradecemos,
Pelo seu acolhimento.
E hoje o padre Marcelo
Lá em barra está morando,
Porém me atrevo em dizer:
Por Santana está orando,
Pois pela nossa cidade
Acabou se apaixonando.
Eu digo isso porque sei,
Não é segredo pra mim,
Pois eu sei que ele é devoto
De Sant’Ana e São Joaquim,
Nossa Senhora de Fátima
E do Senhor do Bomfim.
Finalizo esse cordel
Feliz e realizado
Em poder contar a história
Deste homem tão honrado.
“Laudato si, mi Signore”
Pra sempre seja louvado.